
O charme da Copa do Brasil está desnudar país afora clubes que raras vezes ganham as manchetes. É o caso do CAI. O Clube Atlético Itapemirim, atual campeão do Espírito Santo, e que leva no peito o acrônimo homônimo do argentino Club Atlético Independiente, mas que em bom futebolês remete a rebaixamento, tem o escudo uma espécie de clone do Atlético-MG.
Nesta quarta-feira, às 16h30min, o Atlético-ES receberá o Remo, pela primeira fase da Copa do Brasil. Quem passar enfrentará o Inter na segunda etapa do torneio - em jogo único, ainda sem data, e tendo capixabas ou paraenses como mandate.
O Atlético-ES, o Galo da Vila, foi criado em 1965 tendo as cores, o escudo e a torcida do irmão mais velho de Belo Horizonte. O município de Itapemirim (não confundir com a Cachoeiro do Itapemirim, a cidade do rei Roberto Carlos) fica no litoral sul do Espírito Santo e tem algumas das praias mais bonitas do Brasil, como Itaipava, Itaoca, Ilha dos Franceses e Aghá. Como Minas Gerais não tem mar, uma legião de mineiros migra para as praias capixabas no verão.
Como a economia da cidade é baseada no turismo, na cana de açúcar e nos royalties dos campos de extração de petróleo da Petrobras, na década de 1950 o Banco do Brasil instalou a sua primeira agência na cidade. O gerente (e atual nome do estádio do Atlético-ES) José Olívio Soares, carioca e botafoguense, teve a ideia de fundar um time do banco para jogar peladas de fim de semana. E, de cara sugeriu o preto e branco de seu clube do coração. Mas, como a maioria dos funcionários eram mineiros e atleticanos, ficou decidido que o escudo seria o do Atlético-MG. Mas, em vez do acrônimo CAM, CAI.
- No começo, nos zoavam muito aqui por causa do CAI. Sobretudo os torcedores do Cruzeiro, que tiravam fotos do nosso escudo ou compravam as nossas camisas para brincar com os amigos atleticanos, em Minas - conta Wildson Lesqueves, supervisor do Atlético-ES.
Mas tudo mudou a partir de 2011, quando o Galo da Vila deixou o futebol amador e se profissionalizou. A ascensão foi rápida. Em 2014, subiu para a Primeira Divisão Estadual. Em 2017, fez história no futebol do Espírito Santo. Pela primeira vez, um clube ganhou no mesmo ano o Campeonato Capixaba e a Copa Espírito Santo.
- Nosso sonho agora é passar pelo Remo e jogar contra o Inter na Copa do Brasil. Nunca enfrentamos um dos gigantes do país. Nossa estreia nacional foi dias atrás, contra o Brasiliense, pela Copa Verde - diz Lesqueves.
E que estreia. O Atlético-ES bateu o Brasiliense por 2 a 1 e, agora, jogará pelo empate no Distrito Federal para avançar no torneio que vale vaga às oitavas da Copa do Brasil de 2019. Além da Copa Verde e do Estadual, a equipe de Itapemirim também disputará a Série D nessa temporada.
- Se jogarmos contra o Remo da mesma forma como atuamos diante do Brasiliense, temos boas chances de passar - afirma o dirigente, cuja equipe está invicta na temporada.
Caso avance na sua primeira participação na Copa do Brasil, porém, o Atlético-ES mandará o seu jogo contra o Inter na cidade de Cariacica, no Estádio Kleber Andrade, distante 120 quilômetros de Itapemirim. Como o estádio do Atlético-ES tem capacidade para 2 mil torcedores e não tem refletores, a partida será disputada no estádio nas cercanias de Vitória e com capacidade para 21 mil pessoas.

Se Atlético-ES e Inter será um confronto inédito, Remo e Inter já conta com um histórico maior. Na Copa do Brasil, se enfrentaram duas vezes. Na primeira, em 2003, os paraenses eliminaram o Inter de Muricy Ramalho no Beira-Rio, ao perder por 2 a 1, mas contando com a vitória por 1 a 0 no jogo de ida. Já em 2014, o Inter de Abel Braga pulverizou o remo no Mangueirão por 6 a 1, logo na primeira etapa da competição.
Na Série C em 2018, o Remo tem maiores pretensões na Copa Verde do que de avançar muito na Copa do Brasil. Depende apenas de um empate em Itapemirim para passar de fase. Ainda assim, pode se tornar um adversário complicado no Mangueirão.
- O Remo reformulou quase todo o elenco para essa temporada. De titular, permaneceu apenas o goleiro Vinícius - comenta o repórter da TV Liberal de Belém, André Laurent. - Trata-se de um time muito ofensivo. O lateral-direito Levy tem uma jogada muito aguda e costuma cruzar sempre para o centroavante Isac. É um lance que vem se repetindo neste ano. Pelo meio, Isac funciona como um pivô também, dando assistências para outros jogadores marcarem. O time vem crescendo nas últimas partidas - acrescenta Laurent.
Nenhum canal de TV anuncia a transmissão do jogo.
Atlético-ES
Time-base (4-5-1)
Bambu; Felipe Foca, Rhayne, Kleber Viana e Marcos Felipe; Vitor, Araruama, Fabiano, Zizu e Pikachu; Eraldo. Técnico: Zé Humberto
Campanha em 2018
Campeonato Capixaba
Atlético-ES 0x0 Desportiva Ferroviária
Tupy 0x3 Atlético-ES
São Mateus 0x0 Atlético-ES
Atlético-ES 2x2 Rio Branco
Vitória 0x0 Atlético-ES
Copa Verde
Atlético-ES 2x1 Brasiliense
Destaques
Eraldo - atacante de 35 anos, goleador do time, atuou pelo Caxias, pelo Bahia e pelo Jeju United (Coreia do Sul)
Uálisson Pikachu - atacante de lado, de 28 anos, é o principal assistente do time. Jogou pelo Boa e pelo São Caetano
Araruama - segundo volante da equipe, tem 28 anos, e atuou três temporadas pelo Botafogo
Folha salarial da equipe
R$ 120 mil
Remo
Time-base (4-2-3-1)
Vinícius; Levy, Mimica, Bruno Maia e Esquerdinha; Felipe Recife e Geandro; Leandro Brasília, Adenilson e Felipe Marques; Isac. Técnico Ney da Mata.
Campanha em 2018
Campeonato Paraense
Remo 3x0 Bragantino
Tucuruí 2x0 Remo
Remo 2x0 Águia
Paysandu 1x2 Remo
Copa Verde
Manaus 2x0 Remo
Destaques
Isac - autor de 21 gols pelo Sampaio Corrêa no ano passado, ele foi contratado para ser o artilheiro do Remo em 2018. Tem dois na temporada, um deles no clássico com o Paysandu
Levy - o lateral-direito tem sido um dos pilares do ataque. Avança muito, mas deixa a defesa descoberta
Vinícius - remanescente do time de 2017, o goleiro é também um dos principais ídolos da torcida
Folha salarial da equipe
R$ 300 mil