Ser parte da diminuta parcela feminina que trabalha no Jornalismo Esportivo não assustou Isabelly Morais, 20 anos, de assumir o maior desafio de sua carreira: ser a primeira mulher a narrar uma partida de futebol em Minas Gerais. A estudante transmitiu, na terça-feira (7), a vitória do América-MG sobre o Vitória pela Rádio Inconfidência.
— Foi uma experiência incrível. No Brasil, a gente tem mais registros, mas aqui em Minas Gerais foi a primeira vez que uma mulher narrou uma partida em rádio. E foi muito significativo para mim. Para a minha carreira, pelo contexto, estou no quinto período de Jornalismo, e faço estágio aqui na rádio. Fiquei superfeliz pela marca pessoal e também para o campo do Jornalismo Esportivo — celebrou, em entrevista ao Gaúcha +.
Embora o Jornalismo Esportivo sempre estivesse entre as certezas da jovem, a narração não era uma das funções almejadas como prioridade. O desafio, contou Isabelly, foi proposto pelo coordenador de esportes da Rádio Inconfidência, José Augusto Toscano.
— Eu boto tudo isso na conta do meu chefe, o coordenador de esportes da Inconfidência, o José Augusto Toscano. Ele que me atiçou para narrar. Eu não cheguei aqui com essa ideia. Foi num primeiro contato que ele me falou sobre a narração. Eu busquei ele para uma oportunidade de estágio, pensando em trabalhar na reportagem, na produção, mas não para a narração. De cara, ele perguntou se eu toparia narrar. Levei um susto. Eu gosto de arriscar, eu sou apaixonada pelo esporte e nada mais justo que eu experimente muitas funções dentro da área que eu gosto. Falei que podia treinar e ele me contratou — contou.
A próxima jornada de Isabelly como narradora já tem data marcada: Bahia x Atlético-MG, no domingo (12), às 18h, na Fonte Nova. Mas ela procura não se limitar — a locutora deixa claro que experimentar diversas funções é um dos gostos que move seu tino jornalístico.
— O Jornalismo Esportivo é o que quero para mim. Hoje, eu ainda estou em êxtase pelo que consegui. Agora é a hora de parar para ver se é isso mesmo que eu quero: ser uma narradora e seguir só nisso. Porque eu também gostei muito de comentar, adoro essa função, adorei reportar. Acho que é muito cedo, com 20 anos, categorizar a minha carreira. Eu sou apaixonada pelo Jornalismo Esportivo totalmente. Além de trabalhar aqui na rádio, eu escrevo para um portal de esportes. Eu vivo esporte. Desde que me mudei para Belo Horizonte, há dois anos, eu já tinha certeza. Tudo que eu faço é pelo Jornalismo Esportivo. Eu passo madrugadas escrevendo e elaborando pautas. Eu sempre estou muito agitada dentro disso e vivo isso todos os dias — conta.
Após fazer história, Isabelly quer servir de exemplo para que outras mulheres façam o que gostem. Segundo pesquisa publicada no ano passado pelo portal UOL, apenas 13% dos profissionais que aparecem na TV quando o assunto é Esporte são mulheres. O cenário — que não é muito diferente em outros veículos tradicionais —, se depender da jovem de 20 anos, mudará:
— Só para deixar uma mensagem para as mulheres aí do Rio Grande do Sul e de todo o Brasil: que a gente tenha muita coragem de fazer o que a gente quer. Não era um sonho meu a narração esportiva, mas é um sonho meu experimentar. E apareceu a narração, acabei me aventurando. Que a gente tenha muita coragem.