A eleição do Vasco ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (16). Em decisão liminar da juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, da 52ª Vara Civil do Estado do Rio de Janeiro, responsável pelo processo movido por Fernando Horta que envolve a anulação ou não da urna 7, ficou decidido que a polêmica urna, que contou com 475 votos, seja desconsiderada no processo eleitoral na contagem do resultado. Com isto, por enquanto, o candidato de oposição Julio Brant com a chapa Sempre Vasco Livre torna-se o vencedor do pleito. Eurico Miranda, da chapa Reconstruindo o Vasco, fica por ora em segundo lugar. Vale destacar que cabe recurso da chapa do atual mandatário.
Na determinação, a juíza desconsiderou os efeitos dos votos da urna 7, além de mandar prosseguir o rito do estatuto. O presidente da Assembleia Geral, Itamar de Carvalho, terá de convocar o Conselho Deliberativo para janeiro, onde há a parte final do processo eleitoral do Vasco. Os 150 conselheiros natos se juntarão com, pela liminar, aos 120 conselheiros eleitos da chapa de Julio Brant, vencedora sem a urna 7 sendo considerada, e aos 30 da chapa de Eurico Miranda, totalizando os 300 que votarão nos próximos presidente e vice-presidentes do Vasco. Os mandatos, porém, irão iniciar somente após a decisão final, com o resultado definitivo da eleição ficando sub judice.
O Vasco tem 72 horas para lavrar e divulgar nova atua da eleição do último dia 7, desconsiderando a ata anterior que proclamou a vitória da chapa de Eurico Miranda. O próprio presidente foi intimado para cumprimento da decisão, cujo descumprimento poderá acarretar em uma multa pessoal de até R$ 50 mil. Itamar de Carvalho, presidente da Assembleia Geral, também foi intimado para cumprimento com a mesma possibilidade de multa de até o mesmo valor. Ficou determinado ainda que além da multa, descumprindo a decisão, "qualquer membro da mesa ou do Conselho que deixe de cumprir a presente decisão, poderá ser impedido de participar do processo eletivo, sem prejuízo da responsabilidade a ser apurada".
No dia da votação do presidente pelo Conselho Deliberativo em janeiro de 2018, a juíza determinou também que "o presidente do Conselho Deliberativo e os representantes, previamente designados pelas chapas concorrentes, antes de iniciada a Assembleia Geral, assinem e rubriquem, em conjunto, um caderno de votação, a ser depositado em juízo, no qual os sócios deverão indicar de forma legível, em letra de forma, seus nomes e números de matrícula, bem como apor as suas assinaturas, antes de receberem as cédulas de votação" e "que, ao final da Assembleia Geral, o Presidente do Conselho Deliberativo e os representantes, previamente designados pelas chapas concorrentes, deverão assinar e rubricar novamente o caderno de votação, além de conferir a contagem dos votos, que deverão corresponder ao número de assinaturas constantes do mesmo".
Vale lembrar que 691 sócios do Vasco foram separados por decisão judicial impetrado pelo então candidato Fernando Horta pela chapa Mudança com Segurança por conta de possíveis irregularidades em suas associações. Ao todo, 475 sócios compareceram e votaram na urna 7, já na época sub judice. Considerando-a na apuração do resultado, quando a diferença do primeiro para o segundo da urna girou os 90%, Eurico Miranda foi o vencedor do pleito com 2111 votos, enquanto Julio Brant teria 1975 votos. Sem a urna 7, Julio Brant assume a primeira colocação com 1935 votos, e o atual mandatário cruz-maltino fica com 1683 votos.
Após tomar conhecimento da decisão, Eurico Miranda, atual mandatário, convocou coletiva para se defender. Um dos pontos mais destacados pelo dirigente foi o de estranhar a agilidade da decisão. Segundo Eurico, mais de dois mil documentos foram entregues na noite da última terça-feira (14), o que não daria tempo para uma análise. Ele também garantiu que irá recorrer.
- Quero ressaltar uns pontos que me causaram estranheza em todo este caso. Uma ação que é levada a uma outra ação... As alegações que são feitas na terça-feira, com um feriado no meio, na quinta-feira já são levadas em consideração. Deixo claro que vamos recorrer da decisão. Não tenho dúvida que essa decisão vai ser modificada, diante de tudo que foi feito. Cumprimos tudo que foi determinado - afirmou Eurico Miranda, que tem o atual mandato terminando no dia 16 de janeiro de 2018.
Eurico Miranda também defendeu Nilson Gonçalves, diretor da base do Vasco, citado por sócios como responsável de aliciamento em depoimentos registrados na 17ª DP. O atual mandatário afirmou não ver irregularidades neste processo citado por estes associados da urna 7.
_ Por que tenho que conversar com Nilson, com José...? Se foi aliciado por A, B, C, o que isso implica? Ninguém recebeu um centavo. Se teve aliciamento, eu vou logo dizendo. Se o Nilson fez, não vejo nada de irregular. Se for fazer campanha para alguém, você procura e não vai ser aliciador _ exaltou o mandatário ao ser questionado.
Eurico Miranda afirmou que cumprirá se necessário a parte da decisão judicial que manda lavrar nova ata da eleição, sem os efeitos dos votos da urna 7. Ele esteve durante toda a coletiva na mesa ao lado do diretor jurídico do Vasco, Leonardo Rodrigues. O advogado destacou que questionará os vazamentos da decisão para a imprensa de um processo em segredo de justiça.
_ Mais uma vez lamentamos saber de uma decisão judicial pela imprensa. Formulamos um pedido de instauração de inquérito para ser analisado esse vazamento _ disse o diretor jurídico.