Que Renato é bom de entrevista, há anos, ninguém duvida. Em uma das mais recentes, mandou muito bem no excelente Saia de Redação, conduzido de maneira brilhante pelas gurias aqui do site, a Amanda Munhoz, Kelly Matos e Débora Pradella. Na mais recente, claro que de uma maneira diferente, ele também foi muito bem, o que não quer dizer que tenhamos que concordar com ela, obviamente.
Me refiro às frases proferidas por Renato após a sofrida vitória contra o lamentável time do Coritiba, na noite deste domingo (15). Quando ele diz que o Grêmio vai bem, obrigado, não está de todo errado. O argumento dele é que somos o melhor time do Brasil, pelo fato de que o Tricolor é o único time brasileiro que restou na Libertadores, e está a quatro jogos do título (a frase final não é dele, é deste jornalista). Ele está errado, quando diz que somos o único brasileiro na Libertadores? Claro que não, certíssimo.
Depois, disse que o Grêmio está no G-4 desde o começo do Brasileirão, praticamente. Errado? Não, muito certo. Afirmou, ainda que o time enfrentou três competições ao mesmo tempo (Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores). Também não está errado. Depois, ele afirma que o Grêmio é o melhor time do Brasil, atualmente.
Porém, começam aí minhas discordâncias com nosso grande comandante, que tem vários méritos à frente do time desde 2016. Pelo subjetivo conceito de "jogar bonito", ou algo assim, o curto período que o Grêmio deu espetáculo o poderia credenciar a tal título. Mas é um conceito subjetivo, ainda não ganhamos nenhum título. Aliás, perdemos dois neste ano, e já estamos em outubro. Até o momento, é bom lembrar, temos apenas um time que levantou uma taça nacional no país, o Cruzeiro, - equipe bem média, aliás, mas que eliminou o ainda mais médio (me refiro ao desempenho nos dois confrontos) Grêmio. O mesmo Grêmio, aliás, que foi eliminado de maneira bizonha pelo Novo Hamburgo, do Gauchão. Então, até o momento não somos o melhor time do Brasil. Nesse momento, de real, temos boas chances de conquistar a Libertadores (sim, boas, jogamos o segundo jogo da semifinal em casa. Depois, final é final, como diria o filósofo).
A queda de rendimento do Grêmio, nítida para todos que acompanham minimamente o futebol, se dá por motivos que já foram expostos na crônica esportiva gaúcha e neste espaço. O time foi desmontado, perdeu peças importantes e está se reestruturando. Creio muito na volta decisiva de Luan, ela pode encaixar o time novamente, e encaminhar o Tricolor para uma final da Libertadores. Finalizando: o discurso de Renato preserva, e muito, seu grupo e o clube. Mas, espero que, internamente, as avaliações não sejas as mesmas da entrevista. Como sou fã do técnico e admirador de seu trabalho, tenho fé que, lá no vestiário, o discurso seja diferente.