A medalhista olímpica McKayla Maroney revelou nesta quarta-feira, por meio de suas redes sociais, que foi uma das vítimas do ex-médico da seleção de ginástica artística dos Estados Unidos, Larry Nassar. Ele é acusado de abusar sexualmente de mais de 100 ginastas. Sendo a mais nova aderida do movimento #MeToo (eu também), a atleta que ficou famosa por fazer uma careta no pódio de Londres-2012, conta que foi molestada quando tinha apenas 13 anos.
– Sei o quão difícil é falar publicamente sobre algo tão horrível e tão pessoal porque aconteceu comigo também. Eu tinha o sonho de chegar à Olimpíada, e as coisas por que passei para chegar lá foram desnecessárias e nojentas. Eu fui molestada pelo Dr. Larry Nassar, médico da equipe feminina dos Estados Unidos. Ele me disse que eu estava recebendo "tratamento médico necessário que ele vinha aplicando em seus pacientes por mais de 30 anos". A noite mais terrível da minha vida aconteceu quando eu tinha 15 anos. Tinha viajado durante todo o dia para Tóquio com a equipe. Ele me deu uma pílula para dormir, e a próxima coisa que lembro é estar sozinha com ele no seu quarto de hotel recebendo "tratamento". Pensei que fosse morrer naquela noite. As coisas precisam mudar. Nosso silêncio deu poder por muito tempo a pessoas erradas. É hora de retomar nosso poder – escreveu a ginasta em suas redes sociais.
McKayla conta que começou a ser molestada quando tinha 13 anos, durante um camping de treinamento da seleção de base, no Texas (EUA). Os episódios seguiram até o afastamento do médico da equipe americana.
Atualmente com 21 anos, a ginasta se aposentou no ano passado, após ter sofrido com lesões durante boa parte do ciclo olímpico da Rio-2016. Seu último grande feito foi o bicampeonato mundial no salto em 2013. Nos Jogos de Londres-2012, ela foi medalhista de ouro por equipes e prata no salto. McKayla, após a Olimpíada britânica foi recebida pelo então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
O escândalo de abusos cometidos por Larry Nassar estourou no final do ano passado. Atualmente, ele está preso em Grand Rapids (EUA). No dia 27 de novembro deste ano, ele receberá a sentença por uma acusação de pedofilia infantil, podendo pegar até 60 anos de prisão. Para se livrar de uma das acusações de pedofilia, em acordo com a promotoria, ele se declarou culpado.
Encarando, pelo menos, mais 22 acusações de abuso sexual em Michigan (EUA), Larry corre o risco de pegar prisão perpétua. Acusadas de acobertar as ações do ex-médico, a Federação de Ginástica dos Estados Unidos (US Gymnastics, em inglês) e o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC, em inglês) são processados por pais de ginastas.