Foi uma despedida digna de uma seleção que resgatou a autoestima dos torcedores brasileiros. Com gols de Paulinho e Gabriel Jesus, duas vezes, o Brasil fechou uma de suas mais exitosas participações em Eliminatórias com a vitória de 3 a 0 contra o Chile, no Allianz Parque, em São Paulo, nesta terça-feira. Uma seleção que, com sobras, já havia garantido vaga na Rússia, terá agora oito meses para os ajustes finais em busca do hexa.
Tite fez o que lhe cabia como técnico. Mesmo com o Brasil classificado para a Copa com quatro rodadas de antecedência, exigiu que a partida fosse encarada com seriedade, para fechar bem o ciclo das Eliminatórias. Na prática, contudo, seu discurso, no primeiro tempo, pareceu não ter sido ouvido e em muitos momentos o time pareceu distraído em campo, como se cumprisse somente uma formalidade.
Outro pecado brasileiro foi cair em provocações chilenas, o que resultou, por exemplo, em uma briga particular entre Neymar e Aránguiz, com direito a um tapa na cara desferido pelo brasileiro no ex-volante colorado, seguido de um bate-boca a caminho dos vestiários quando o primeiro tempo se encerrou. Na jogada, Neymar recebeu cartão amarelo.
Apoiado até pela presidente Michelle Bachelet, que vibrava no Allianz Parque como se fosse uma torcedora comum, o Chile começou forte no ataque. A dois minutos, em cruzamento de Isla, o ex-gremista Vargas cabeceou no canto esquerdo para defesa difícil de Ederson, que recebia sua primeira chance de Tite.
A resposta veio a seis minutos. Na sobra de escanteio batido por Neymar, Renato Augusto, da entrada da área, concluiu com perigo, por cima. Tudo parecia mais fácil quando Neymar e Gabriel Jesus se encontravam para as jogadas combinadas. Das jogadas resultava situações de pânico para a defesa chilena e muito trabalho para o goleiro Bravo. Eram os momentos de maior alegria para uma torcida que, em boa parte, parecia mais interessada no que ocorria em Quito, para Equador e Argentina. A 15, o goleiro chileno salvou no chão, com a perna esquerda, em conclusão de Neymar, após passe de Gabriel Jesus que havia vencido a disputa com dois marcadores.
Neymar voltaria a tentar a 30 minutos, de fora da área, mas sem direção. Aos 36, na chance mais clara, Renato Augusto recebeu de Alex Sandro e fez cruzamento medido para Gabriel Jesus, que torneou de cabeça e Bravo pegou.
Como se exige de um líder, Tite impôs maior concentração ao time no segundo tempo. E as bolas paradas viraram a arma do Brasil no começo do segundo tempo. Na primeira, a seis minutos, Neymar bateu falta e Bravo pegou sem dificuldades. O goleiro chileno, contudo, comprometeria em dois momentos logo em seguida. A nove minutos, ele não quis barreira na falta que Daniel Alves bateria. Na cobrança, soltou a bola para a frente e Paulinho, com rapidez, fez 1 a 0.
Ficaria ainda melhor. Aos 11, a invertida de jogo de Philippe Coutinho achou Neymar desmarcado dentro da área chilena. Depois do drible em Medel, ele fez passe a Gabriel Jesus que, sem goleiro, ampliou para 2 a 0. Nas cadeiras, o desespero de Bachelet. Dentro de campo, a definitiva perda de calma dos jogadores chilenos, que passaram a apelar para as faltas. Se o entendimento entre Neymar e Gabriel Jesus já aterrorizava a defesa adversária, Philippe Coutinho ainda se juntaria aos dois para aumentar o pânico. Foi dele o passe para que Neymar quase ampliasse, aos 27.
Vinte minutos depois, nos acréscimos, o Chile foi inteiro para a área do Brasil em um escanteio, incluindo o goleiro Bravo. No rebote, William ligou o contragolpe com Gabriel Jesus, que entrou livre, sem goleiro, para fazer o terceiro.
Cumprida com láureas sua missão, a Seleção Brasileira fechará a temporada com dois amistosos em novembro. Dia 10, pega o Japão, em Lille, na França. e 11, a Inglaterra, em Londres.
ELIMINATÓRIAS, 18ª RODADA, 10/10/2017
BRASIL
Ederson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Alex Sandro; Casemiro; Paulinho, Renato Augusto (Fernandinho, 36'/2º), Philippe Coutinho (Firmino, 41'/2°) e Neymar (Willian, 39'/2º); Gabriel Jesus
Técnico: Tite
CHILE
Bravo; Isla, Medel, Jara e Beausejour; Fuenzalida (Puch, 17'/2º), Charles Aránguiz (Pulgar, int) e Hernández (Paredes, 31'/2º); Valdivia; Vargas e Alexis Sánchez
Técnico: Juan Antonio Pizzi
Gols: Paulinho (B), a 9 e Gabriel Jesus (B), a 11 e 47 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Philippe Coutinho, Neymar (B), Alexis Sánchez, Isla (C)
Arbitragem: Roddy Zambrano, auxiliado por Christian Lescano e Byron Romero (trio equatoriano)
Renda: R$ 15.118.391,02
Público: 41.008
Local: Arena Allianz Parque, em São Paulo