A Copa do Nordeste retornou definitivamente ao calendário do futebol brasileiro em 2013. Nesta quarta-feira (17) e na próxima (24), Bahia e Sport decidirão a edição deste ano em um ambiente de consolidação. Em uma região de campeonatos estaduais de pouca expressão, se comparados a São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a competição rendeu um destaque maior aos nordestinos.
– É uma competição muito legal. Disputei com o Ceará. Nos classificamos, mas saí antes das quartas de final. Envolve muito clássico, tem muita rivalidade, porque pega os maiores do Nordeste. A final terá dois times de Série A, com certeza os estádios vão estar lotados – avalia Lisca, que tem experiência no futebol nordestino.
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O crescimento em importância se reflete nas receitas. O campeão embolsará R$ 2,85 milhões em premiações, um aumento de 20% em relação aos valores recebidos pelo Santa Cruz no ano passado – e bem mais que o dobro do R$ 1,1 milhão recebido pelo Campinense no ano de retorno da competição, em 2013. A "Lampions League" voltou a ser respeitada, já rendeu até vaga à Copa Sul-Americana e, apesar do prejuízo com a mudança nas competições organizadas pela Conmebol, ainda rende um lugar direto nas oitavas de final da Copa do Brasil.
– É um produto muito bem desenvolvido e que tem um valor comercial que nenhum estadual nordestino tem. A competição gerou em 2017 mais de R$ 20 milhões. Dos 20 clubes da competição, 16 ganham R$ 600 mil só por participar. Os quatro clubes de Maranhão e Piauí levam R$ 330 mil. Essa quantia é maior que praticamente o orçamento anual inteiro da maioria desses clubes – observa Vitor Sergio Rodrigues, comentarista dos canais Esporte Interativo.
A Copa do Nordeste tem um peso inédito em sua própria história. Criada em 1994, voltou a ser disputada apenas em 1997. Foram sete edições seguidas, até 2003, quando os regionais foram extintos por conta da criação do Brasileirão por pontos corridos.
O esboço de retorno foi em 2010, mas a competição fracassou comercialmente. Em 2013, renasceu com mais apoio. Aos poucos, firma-se como uma das atrações do primeiro semestre no futebol brasileiro.
A edição de 2017 ainda registrou dois clássicos nas semifinais – o que impulsiona o nível de atratividade para os torcedores. O Sport passou pelo Santa Cruz, enquanto o Bahia eliminou o Vitória. A decisão será em dois jogos – o primeiro, na Ilha do Retiro, e dia 24, na Fonte Nova.
Enquanto isso, outros regionais têm dificuldades para se firmar. A Copa Verde reúne times do Norte, Centro-Oeste e Espírito Santo, mas sem o mesmo peso econômico e esportivo – apesar de também render vaga direta às oitavas da Copa do Brasil. No Sul e Sudeste, a alternativa foi uma tentativa de recriação da Copa Sul-Minas. Nasceu a Primeira Liga, mas com pouca relevância se comparada aos Estaduais.
– É uma questão cultural, teria que ser bem regionalizado. No Sul, por exemplo, não poderia ter times de Minas. Isso descaracteriza – contesta Lisca.
Na avaliação do repórter Gustavo Faldon, da ESPN, a frequente participação dos times de Sul e Sudeste na Libertadores e a força dos estaduais locais são fatores que pesam contra o retorno dos regionais.
– A Primeira Liga toma muitas datas dos clubes e, no meio de tantas outras competições, eles teriam que priorizar. No Nordeste, talvez dê mais certo porque lá os clubes raramente estão na Libertadores. Isso dá um equilíbrio – avalia.
De acordo com Vitor Sergio, outra questão que pesa é a identidade cultural do povo nordestino e a identificação com a região.
– Por razões históricas, o Nordeste é uma região cujo sentimento de unidade é incomparável, apesar de suas diferenças e rivalidades internas, em relação a outras regiões do Brasil – analisa.
A aposta nas rivalidades será o foco para 2018. Depois de registrar públicos baixos na primeira fase, a CBF reduzirá o número de participantes classificados à fase de grupos para a próxima edição – são 20 classificados ao total, mas haverá uma fase preliminar para se chegar a 16 na etapa de chaves.
*ZHESPORTES