O erro grosseiro do árbitro Thiago Duarte Peixoto, 37 anos, foi um dos assuntos mais comentados nesta semana no futebol brasileiro.
Peixoto errou ao expulsar o volante Gabriel, do Corinthians, durante o clássico contra o Palmeiras, realizado na última quarta-feira, no Itaquerão, pelo Campeonato Paulista. O jogador não participou do lance que originou sua expulsão, uma falta sobre o atacante Keno, do Palmeiras, cometida por Maycon.
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O árbitro se desculpou pelo lance, reconheceu o erro e retificou a súmula do jogo. Ele já foi afastado das competições organizadas pela federação paulista e tamém pela CBF.
Ex-árbitros gaúchos, hoje comentaristas de arbitragem, avaliaram a postura de Peixoto de reconhecer o erro e analisam se o episódio pode mudar a cultura do futebol, em que os homens do apito evitam exposição pública após lances polêmicos.
LEONARDO GACIBA
Ex-árbitro e comentarista de arbitragem da Rede Globo
Por um lado, fico triste pelo erro do árbitro. Só quem esteve dentro de campo sabe o peso que tem um erro como esse em um grande jogo. Apesar de muitos tentarem robotizar a arbitragem, o árbitro é um ser humano falível como qualquer outro.
Agora, não foi uma iniciativa do árbitro de falar sobre o erro, foi da comissão. Ele foi mandado falar. Porque não havia polêmica nesse caso, não havia dúvida do erro cometido. Foi um episódio atípico, que não deve se repetir. Em lances polêmicos, de forte grau de interpretação da arbitragem, penso que o árbitro não deve ir a público se manifestar sobre suas decisões.
MÁRCIO CHAGAS
Ex-árbitro e comentarista de arbitragem da RBS TV
Foi um atitude nobre, ele mostrou grandeza de ir a público se manifestar e pedir desculpas por um erro tão grosseiro e primário. Isso não é comum na arbitragem, até por recomendação da Fifa que é repassada às confederações. Quando um árbitro erra dessa forma, há muita pressão dos clubes, e a comissão de arbitragem sabe do risco de escalá-lo novamente para jogos importantes.
É um tipo de erro que vai deixá-lo tatuado para o resto da vida. Com certeza, o árbitro de vídeo teria evitado o erro nesse caso. Não acredito que essa atitude (de reconhecer o erro) vai virar regra. O futebol é muito conservador, não deve haver uma mudança de comportamento. As comissões de arbitragem não vão querer essa exposição dos árbitros.
RENATO MARSIGLIA
Ex-árbitro e comentarista de arbitragem da Rede Globo
Foi uma atitude inusitada, tomada com a autorização da comissão de arbitragem. O árbitro foi transparente. Ele errou, e isso não vai mudar. Dá mais transparência à arbitragem, algo que se cobra muito. Aos poucos, acho que esse é um processo que vai se tornar normal. Muitas vezes, os árbitros gostariam de falar e de se posicionar, mas não podem por orientação da comissão. Acho bom isso.
A repercussão foi positiva. As críticas que ele recebeu acabaram minimizadas, amortecidas pela atitude transparente e serena que teve. Isso dá mais humanidade ao futebol, humaniza o profissional da arbitragem. Todo mundo está sujeito a erros, assim como o um jogador que perde um pênalti, por exemplo. Esse episódio pode servir de uma mudança de mentalidade que é positiva.
*ZHESPORTES