O Rally Dakar é a principal competição do mundo da modalidade – em termos de mídia só perde para Fórmula 1, em esportes automotores. Não só pelos 9 mil km percorridos entre Paraguai, Argentina e Bolívia. Mas pelas dificuldades que o terreno apresenta, já que vai do deserto até as geleiras da Cordilheira dos Andes.
Na edição 2017, a organização prometia uma prova ainda mais complicada. E para os dois caxienses, que estrearam na disputa, foi ainda pior.
– Muito mais duro que eu imaginava. As noites eram curtas. Saía cedo e chegava tarde no acampamento. O sono vai acumulando e o cansaço vai pegando – lembra o piloto Gregorio Caselani, que competiu nas motos pela Honda.
– Eles escolhem os caminhos para tornar o Dakar uma prova ainda mais dura. Chegar ao final é uma vitória e uma conquista enorme – complementa Rafael Capoani, navegador, que correu entre os carros, pela Mini/BMW.
Junto com o piloto paulista Sylvio de Barros, Capoani encerrou a prova na 18ª colocação. Também ficaram na terceira posição entre os novatos. Gregorio Caselani caiu sobre cactus na terceira etapa e as complicações o fizeram abandonar a prova antes dias depois.
Ambos novatos na competição, os caxienses foram apresentados a todas as condições climáticas possíveis. Do Paraguai até a Argentina por um deserto, onde a temperatura chegava aos 47ºC, até os Andes, na Bolívia, com chuva de granizo, neve e zero grau.O terreno também era diferente. Além do pó denso, que impossibilitava a visão dos pilotos, havia trechos com barro, o que modifica a competição quando os carros passam.
– São três corridas nos carros. Os primeiros 10 estão no Dakar, porque o terreno se preserva. Para os outros 10 é um outro Dakar, porque a pista já está mexida. Daí para trás é corrida maluca. Os buracos só aumentam – conta Capoani.
Outro destaque foi o público espectador.
– O que me impressionou foi a quantidade de pessoas nas ruas, independente o horário. Se fosse 4h ou 11h da manhã, havia pessoas prestigiando – afirma Caselani.
– O pessoal gosta de rali, mais do que qualquer outro esporte – opina Capoani.
Mapas geraram muitas confusões
Só por ser um rali, já existem inúmeras dificuldades ao longo da prova. Mas a organização do Dakar ainda pecou em um ponto fundamental: os mapas. As planilhas entregues aos competidores tinham pontos abertos e que levaram vários pilotos a se perderem. Por vezes, mais de meia-hora.
– O mapa jogava para um lugar sem saída, mas com raio de 30 km. É muito difícil saber de onde veio e para onde vai. Não há referência alguma. Eu cheguei a subir no teto do carro para ver onde estava a poeira dos carros – conta Capoani.
Se para quem estava focado apenas na planilha já houve problemas com estes mistérios que o mapa impôs, para quem estava sobre uma moto, onde é preciso dividir as atenções entre planilhas e estrada, foi pior.
– Nessa parte de planilha, eu também me perdi. É muito diferente do que nós temos aqui. As provas daqui, em termos de planilhas, são perfeitas perto do que foi o Dakar. Não é possível compreender como a organização de um rali tão grande deixa isso acontecer – lamenta Caselani.