Tenho ouvido, repetidamente, especialistas em marketing esportivo propagarem aos quatro ventos que, com a superioridade financeira dos times europeus sobre os brasileiros e com a grande quantidade de partidas transmitidas pelas TVs para os países de Terceiro Mundo como o nosso, nossas crianças e adolescentes poderão passar a torcer pelo Barcelona, Real Madrid ou Manchester em detrimento de nossos clubes.
Isso faria com que, aos poucos, nosso futebol fosse perdendo força até desaparecer. Desculpem, senhores, mas vocês estão enganados. Nesta equação dos especialistas, o fato do marketing mundial dos clubes europeus ser muito bem feito, com os melhores profissionais do ramo, ameaçaria os clubes do resto do mundo, inclusive os brasileiros, atingindo em cheio o jovem torcedor.
Leia mais
Firmino faz dois, mas Liverpool perde em casa para o Swansea
Borussia Dortmund vence o Werder Bremen e sobe para quarto no Alemão
Novo Hamburgo contrata meia que estava no futebol japonês
Mas faltou um ingrediente e que explica, em quase 100% dos casos, o porquê de sermos apaixonados pelos nossos clubes. Este ingrediente é o fator humano, a relação humana que fez com que amássemos um clube em vez de outro. Quem de nós não foi levado ao estádio pela primeira vez por um pai, uma mãe, um tio ou outro parente próximo? Quem de nós não diz com orgulho "sou de uma família de colorados" ou "sou de uma família de gremistas"?
Quem de nós não lembra com carinho de algum momento especial que passou com um ente querido no estádio? E as histórias que ouvimos sobre as grandes façanhas de nossos times, de épocas onde apenas nossa imaginação pode alcançar?
Esta sensação de pertencimento é que cria um laço indissolúvel, um amor incondicional e um comprometimento entre nós e nosso time do coração. Por isso, ninguém que realmente gosta de futebol troca de time. E, pela falta disso, podemos torcer hoje pelo Barcelona e amanhã para o Real Madrid.
Os quadros sociais dos grandes clubes não param de crescer. Cada vez mais crianças e adolescentes comparecem aos estádios de futebol com suas famílias. As camisas de Barcelona, Manchester, Real Madrid ou outro grande europeu misturadas na rua com as de Inter e Grêmio são apenas a prova da facilidade e acesso à informação de um mundo mais globalizado, nada tendo a ver com paixão ou comprometimento. Nenhuma criança ou adolescente trocará seu clube por isso, não se preocupem. Porque este tipo de paixão a gente não troca nunca.