É o Brasil que não gera mais centroavantes ou os sistemas de jogo que dificultam a adaptação destes jogadores? A questão foi debatida durante o Sala de Redação, da Rádio Gaúcha, na quarta-feira. Afinal, o mercado de transações vem evidenciando esta mudança do futebol em nosso país. Os nomes de Fred e Lucas Pratto, do Atlético-MG, Paolo Guerrero, do Flamengo, Ricardo Oliveira, do Santos, já são conhecidos: quase todos com mais de 30 anos. A renovação da safra parece não ter acontecido e está difícil achar o tradicional artilheiro.
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A reflexão pode atravessar o Oceano Atlântico. Quem seria louco de recusar em seu time Ibrahimovic, Benzema ou Lewandowski? São goleadores que fazem a diferença. Mas talvez a discussão não seja essa. O ponto a ser observado é que não são todos os times que contam com esta qualidade ofensiva. A partir disso, cabe aos treinadores buscarem alternativas táticas ao camisa 9.
Os exemplos são diversos, com destaque para aqueles que transformaram esta filosofia em título. O Leicester chegou à insólita conquista do Campeonato Inglês atuando com jogadores rápidos no ataque, tendo no britânico Jamie Vardy a sua grande estrela, longe das características de centroavante que conhecemos. E que tal o Chile bi da Copa América? Os liliputianos Eduardo Vargas e Alexis Sánchez desbancam qualquer "grandão" lá na frente. E não esqueçamos os três candidatos a melhor do mundo: Cristiano Ronaldo, Messi e Griezmann. Eles atuam fincados na área?
Não precisamos ir muito longe. Os dois campeões no Brasil em 2016 apostaram na função tática, aliada obviamente à qualidade, para levantarem suas taças. O ataque do Palmeiras de Cuca foi conduzido pelo jovem Gabriel Jesus. Já o Grêmio, de Roger e Renato, teve em Luan o homem mais perto da área adversária no penta da Copa do Brasil. Ambos os casos imersos no pensamento do "falso 9".
É duro pensar isso para uma nação que revelou Careca, Romário e Ronaldo Nazário. Mas a mudança é evidente. O craque da Seleção não atua dentro da área. Aliás, o Brasil de Tite não tem espaço para centroavantes. Não nego que sou admirador do artilheiro e concordo ser importante a presença desta característica no elenco para eventualidades. No entanto, a evolução apareceu e considero que, com ela, a exigência bateu forte na porta de cada treinador. A ideia é saber quem tem condição de sobreviver neste novo mundo.
*ZH ESPORTES