O Internacional virou um clube arrogante. Nós, conselheiros, sócios, torcedores, também ficamos arrogantes. Por quê? Ninguém sabe, ao certo, como começou, mas esta postura foi um dos motivos que nos levaram ao descenso neste ano.
Todos nós repetimos cansativamente frases emblemáticas como "Clube grande não cai ", "Campeão de tudo" ou "Campeão do mundo Fifa", dando ênfase exagerada a esta sigla, desdenhando de quem não estivesse enquadrado nestes parâmetros, principalmente nossos adversários gremistas.
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Tenho grandes amigos que não pronunciam a palavra "Grêmio". Arrogância? Talvez. O que sei é que nós estávamos muito mal acostumados com os anos gloriosos e esquecemos alguns pilares que nos fizeram chegar até aqui. O Inter sempre foi um clube aberto, simpático, referência para o resto do Brasil, que recebia bem os adversários que viessem jogar aqui. Um clube invejado pela maioria dos seus pares. Bem administrado, com um marketing agressivo e, ao mesmo tempo, sintonizado com o seu torcedor. Isso tudo se perdeu rapidamente de dois anos para cá. É claro que haviam problemas anteriormente, mas foram sublimados na gestão que agora termina.
A concentração de poder em uma ou em duas pessoas ficou evidente para quem estava de fora, e as decisões equivocadas foram se somando, acrescidas da péssima comunicação do clube com seu público – até mesmo das medidas acertadas. O clube, como uma grande empresa, repete o exemplo que vem de cima, da sua diretoria. No caso do Inter, todo a instituição foi contaminada por esta postura, até mesmo o vestiário. O time foi, também, reflexo desta postura arrogante. Achando que, apenas por ser o grande Internacional ganharia de adversários fracos sem precisar de muito esforço, o que acabou não acontecendo.
Estamos na Série B, o que ninguém acreditava e muito menos desejava. Podemos pensar nisso como um problema ou como uma oportunidade, a velha máxima de fazer "deste limão uma limonada". Fico com a segunda hipótese: se o clube admitir seus erros e mudar de postura, sabendo trabalhar a sua comunicação, pode sim agregar o torcedor doído em torno do objetivo principal, que é retornar à elite do futebol brasileiro em 2017.
Nesta jornada, podemos sim aumentar nossas receitas, lotar nosso estádio novamente, conseguir mais associados. Mas tudo isso passa por entender por que chegamos aqui e mudar. Em resumo, chegou a hora de todos nós colorados calçarmos as sandálias da humildade.
*ZH ESPORTES