Marcelo Boeck comemorou na última segunda-feira (28) o aniversário de seu filho. Dormiu tarde com a família e, poucas horas depois, seu celular não parava de tocar. Um simples "alô" do goleiro era mais do que o suficiente para tranquilizar a família do jogador, que não viajou com a delegação que estava no avião da Chapecoense que caiu na última madrugada.
"Hoje o dia foi estranho. Ontem foi aniversário do meu filho e eu dormi tarde. Às três horas da manhã o telefone começou a tocar, eu desliguei. Tocou de novo e de novo. Quando toca a essa hora, nunca é coisa boa. Eram meus familiares ligando. Eu dizia "alô" e todos diziam "Graças a Deus você atendeu". Quando liguei a televisão, vi as primeiras imagens, com pouquíssimas informações, foi um baque muito grande", disse o ex-goleiro do Internacional em entrevista ao Show dos Esportes.
O atleta esteve desde as primeiras horas na Arena Condá, procurando informações de seus companheiros e tentando confortar os familiares daqueles que viajaram com a equipe.
"São coisas que vão ficar guardadas na nossa memória. A gente nunca acha que isto vai acontecer com a gente. Eu luto tanto para ser titular, estar nos jogos, etc. Em momentos como este a gente vê que o futebol não é tudo na nossa vida", falou o atleta.
Boeck revelou que não pediu dispensa da viagem, como alguns veículos acabaram publicando. A opção de deixar o jogador de fora da delegação foi do próprio técnico Caio Júnior.
"Eu não viajei por opção técnica. Nos últimos meses, esta era a opção do treinador. Eu fico até constrangido com esta situação. A minha esposa me disse, era para eu estar lá", relatou.
Por último, o atleta tentou descrever o ambiente na cidade do oeste catarinense.
"Hoje Chapecó morreu junto. Se olharmos pela janela, parece algo surreal (...) Os amigos dos meus filhos não têm mais os pais. As amigas dos meus companheiros agora não tem mais maridos", concluiu.