– Não posso imaginar um jogo melhor para qualquer torcedor.
Com esta frase, o técnico do Barcelona, Luis Enrique, resumiu o sentimento do fã de futebol que esfrega as mãos enquanto espera o confronto desta quarta-feira, às 16h45min (horário de Brasília), quando o Barça recebe o Manchester City pelo Grupo C da Liga dos Campeões. Será a segunda vez de Josep Guardiola como visitante no Camp Nou.
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O ídolo retorna diferente, mesmo que preserve muitos dos conceitos que construíram o time inesquecível de Messi, Xavi, Iniesta e companhia. Logo mais, encontra um Barcelona que não trai seu legado, mas também fez mudanças desde que o ex-técnico deixou a casamata catalã, em 2012.
O City de hoje é parecido com o Barça de ontem. Está lá a marca de Guardiola, com as trocas de passe que por vezes parecem intermináveis e a marcação adiantada que sufoca adversários. Também aparecem eventuais dificuldades com defesas fechadas e organizadas, como na sequência recente de três jogos sem vitórias.
Guardiola, porém, não é o mesmo técnico que conquistou 14 títulos de 19 possíveis em quatro anos no Barcelona. Desde os tempos de Bayern, incorporou a bola aérea ao repertório, ainda que na Inglaterra, sem um Lewandowski na área para vencer os duelos por cima, eles tenham rareado. As principais inovações são no posicionamento das peças. Nos tempos de Alemanha, começou a experimentar com a movimentação dos laterais, que se deslocam para o meio quando o time tem a bola. Assim, aproximam-se do primeiro volante e auxiliam no início das jogadas. Formações com três zagueiros são mais frequentes – no Barça, o 4-3-3 só era abandonado em situações emergenciais. Esquemas como o ultra-ofensivo 3-4-3 marcaram a passagem pela Alemanha e são usados, também, em algumas situações no novo desafio em terras inglesas.
Mesmo que tenha mudado, Pep nunca abandonou os conceitos que formam o coração de seu modelo: ter a bola, trabalhá-la com paciência e abrir espaços na defesa com o jogo de passes curtos. O Barça, por outro lado, fez ajustes. Contra-ataques na era Guardiola eram inimagináveis. Com Luis Enrique, transformaram-se em arma.
Não que o time tenha mudado completamente. O Barcelona ainda propõe o jogo e tende a ter mais posse de bola do que o adversário. Agora, porém, há momentos das partidas em que recua, desarma e parte em velocidade. Costuma ser letal assim. Como parar Neymar, Suárez e Messi conduzindo a bola com todo o campo à frente?
Guardiola conheceu, do pior jeito, a força do contra-ataque do Barça repaginado. Na primeira vez que foi ao Camp Nou como adversário, no primeiro jogo da semifinal da Liga dos Campeões 2014-2015, seu Bayern atacou, controlou a posse de bola e levou uma paulada de 3 a 0, com direito a um drible de Messi em Boateng que, de tão desconcertante, levou o zagueiro alemão ao chão.
Pep espera um final mais feliz ao enfrentar um time que é um pouco sua criatura, mas já não segue à risca todos os elementos da cartilha do criador. Também pudera. Nos últimos anos, até o criador já não é mais o mesmo.