As semanas frias de maio poderiam significar muita coisa para o futebol gaúcho. Afinal, o Brasileirão sempre reserva jogos empolgantes. O Grêmio, por exemplo, venceu o Flamengo e vai enfrentar o Atlético-MG. Já o Inter bateu o São Paulo em pleno Morumbi e agora vai receber o Sport.
Tudo bem, mas estas semanas evidenciam muito mais do que apenas uma e outra rodada do campeonato nacional para clubes, torcidas e até nós da imprensa. Representa e ratifica a nossa queda. O fundo do poço dos gaúchos.
Explico. Há exatos dois anos, aquele Inter, treinado por Abel Braga, empatava uma partida fora de casa com o Criciúma em 0 a 0 e, assim, alcançava a liderança isolada do Campeonato Brasileiro na quinta rodada. No jogo seguinte, os colorados ficaram em outro empate, desta vez diante do Coritiba, e viram o Cruzeiro ultrapassá-los impiedosamente para seguir soberano rumo ao título nacional. E pronto. Nunca mais o futebol gaúcho ostentou a condição de estar no topo da tabela da principal competição do Brasil.
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E o Grêmio? Muito pior. Lembra daquela legítima "entregada" dos comandados de Celso Roth na edição de 2008? Pois foi a última vez que os gremistas se vangloriaram na condição de líderes. No segundo dia do mês de novembro, nem a força da torcida tricolor ajudou o time a vencer, no Olímpico, o modesto Figueirense (rebaixado naquele ano). Faltando cinco rodadas, o São Paulo aproveitou o tropeço do Grêmio e, no apagar das luzes, assumiu a ponta para ser campeão brasileiro.
Nosso protagonismo nacional tem sido muito mais teórico do que prático. Dos eternos grupos qualificados do Inter, "pseudocandidatos" a títulos brasileiros, até o recente deslumbre pelos conceitos e metodologias modernos de Roger no Grêmio. E daí? Infelizmente, o resultado fala mais alto e é justamente neste quesito que nossos clubes estão falhando. Diferentes treinadores, jogadores, presidentes e até dirigentes já passaram por aqui e a solução parece não ser encontrada. Inclusive estádios foram construídos e reformados, e nada.
O que frustra é acompanhar outros clubes, talvez menos organizados, alcançarem títulos nacionais importantes. Um Fluminense campeão brasileiro em 2012 e rebaixado – no campo – dois anos depois. Um Flamengo, aos trancos e barrancos, erguendo a taça da Copa do Brasil de 2013. Mesmo caso do Palmeiras, de heroico pela fuga da Série B em 2014, ao título também da Copa do Brasil na temporada seguinte.
Por quê? O que falta? Não sei, mas esperemos que falte muito pouco para Grêmio ou Inter trazer de volta o nosso protagonismo nacional. Talvez o problema não esteja só no futebol, e isso frustra.
*ZHESPORTES