A editoria de Esporte de ZH me apresenta esse tremendo desafio. Querem saber se o meu amado clube se insere na lista dos escolhidos por meritocracia. Ou, por outras analogias e apologias: se o conjunto de nossa obra, no somatório geral, nos habilita para os devidos créditos perante os deuses do futebol.
Quem não quer que o seu time seja campeão até de torneio de cuspe à distancia (deputados à parte...)? Só um babaca evita de sonhar com coisas assim. E aqui não se trata apenas de sonhos, mas, sim, de merecimentos. E esses eu tenho como encontrá-los de sobra.
Em primeiro lugar, como ensinava o jornalista esportivo Mário Filho, os campeonatos reúnem um núcleo de "suspeitos" para o título. À medida que a competição avança, alguns são descartados, e as "pistas detetivescas" acabam incidindo sobre tão somente dois ou três deles. É, justamente, o caso de agora. Dois, aliás, são sempre "suspeitíssimos" e dificilmente saem do páreo – a dupla Gre-Nal. Entretanto, há dois coadjuvantes em condições de serem "flagrados" cometendo o grande crime do ano: os papos e os zequinhas.
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Quanto ao meu Juventude, digo-lhes que ele se preparou bem e graças a um trabalho uniforme e harmonioso da direção presidida pela eficiência de Roberto Tonietto. E se completando com a qualificada comissão técnica que inclui dois ex-craques: Antônio Carlos e Galeano. Muito, também, pela dedicação e comprometimento do grupo de jogadores, formando um conjunto bem entrosado e dotado de peças individuais em plena afirmação. Ou seja: obviedades que, juntas, justificam a resposta ao título.
E o que mais? Eis um clube com histórias, glórias e tradições seculares. Que não é qualquer um. Que não se meteu na briga como um mero curioso ou como um furão. O único clube do Interior com dois títulos nacionais. O que mais chegou a finais do Gauchão – o dobro de vezes do segundo na lista de espera. E o único interiorano que nunca foi nele rebaixado. O que mais vezes compareceu à Série A do Brasil e o que detém a hegemonia no clássico de Caxias – o Ca-Ju. O que foi mais mais vezes Campeão do Interior. E por aí vai.
Particularmente, o Grêmio tem, com o Juventude, a dívida da sonegação de uma vitória limpa, dentro de campo, por 2 a 0 em Porto Alegre nas semifinais do longínquo 1921 (só os grandes têm eventos assim) e usurpada nos meandros da federação, naquele que foi o primeiro vergonhoso tapetão gaúcho. Se o Ju tivesse tido acesso à final, poderia ter se sagrado campeão. Moralmente, nós fomos e somos. Quem sabe, mesmo correndo por fora, a gente não merece?...
*ZEROHORA