Um fato novo pode ser a salvação do Caxias em 2015, pelo menos no sentido de não sofrer mais tantas derrotas. Sem passar confiança para o time e o torcedor, a figura do goleiro grená vem sendo um dos grandes problemas desde o início da fatídica temporada. Renan e Thiago Rodrigues falharam em momentos decisivos e suas dispensas foram mais do que previsíveis.
Agora, a missão de fechar o gol e evitar um segundo rebaixamento no ano recai sobre o experiente Marcelo Pitol, 33 anos. Para ajudá-lo, chegou também esta semana o preparador de goleiros Wisner Soares, que traz para o Centenário a experiência recente de trabalho com uma das maiores lendas do futebol italiano: o ex-goleiro Walter Zenga.
- Trabalhei com ele por cinco anos nos Emirados Árabes Unidos. Fui o primeiro estrangeiro a trabalhar com o Zenga. A comissão técnica dele só tinha italiano e me tornei o único intruso. Ele me viu escondido no clube rival, gostou e me chamou para trabalhar no Al-Nasr. Lá não se pode contratar goleiro, tem é que fazer goleiro em casa. E eles são muito ruins, fracos mesmo. Se você consegue fazer um goleiro para a seleção, você tem prestígio. E eu treinava os goleiros das seleções sub-17 e principal - conta o goiano Wisner, 41 anos, sendo os últimos 10 no mundo árabe.
O trabalho foi árduo:
- O goleiro mais alto que eu trabalhei lá tinha 1m86cm. O goleiro titular da seleção tem 1m80cm, e o da olímpica, 1m81cm. E não cresce. Quando eu cheguei lá e vi os goleiros, deu vontade de chorar.
Mas as lembranças da experiência com Zenga ainda estão vivas na memória:
- Teve um jogo em que o meu goleiro falhou no primeiro tempo e depois falhou no segundo. Aí, o Zenga me olhou, deitou a cabeça em cima das mãos no chão e me disse: "O que está acontecendo com o nosso goleiro? Ele dorme?" Quando ele se jogou no chão, todo mundo pensou que tinha acontecido alguma coisa, mas é que ele é muito engraçado. E muito bom como técnico. Ele faz o time defender muito bem, é um dos melhores que eu conheço para fazer isso.
Por detalhe, a parceria não se estendeu para a Itália, na Sampdoria, clube atual de Zenga:
- Ele me ligou e queria me levar para a Sampdoria. Ele é uma lenda. Na Itália, não consegue andar tranquilamente na rua. É como o Ronaldinho Gaúcho aqui. Tem muita moral. Só que, na Itália é cultural ter preparador de goleiros italiano. Eles não contratam de fora. E eu disse que ele não precisava bater o pé para me levar, que eu precisava voltar ao Brasil.
Foi um amigo que indicou Wisner para o Caxias. Ninguém na comissão técnica de Marcelo Vilar conhecia o trabalho dele, mas veio muito bem recomendado. E como Edson Girardi, o antigo preparador, foi para o Náutico, a urgência de um substituto acelerou o processo. A missão não será fácil pela situação do Caxias na Série C e pelo rebaixamento no Gauchão, mas Wisner está otimista. E confia em Pitol, que deve ser titular amanhã diante do Guarani. Só depende do BID da CBF.
- A última partida dele foi no Campeonato Gaúcho. É claro que ele não está 100%, mas é um momento que nós temos que usar a experiência e a liderança de todos os atletas - aposta.
No Brasil, o preparador trabalhou em clubes como Goiás, Luverdense, Goiatuba, Vila Aurora (MT) e União (MT).
Série C
Amigo de Zenga, preparador de goleiros do Caxias confia em Pitol para a estreia
Wisner Soares tem 41 anos e trabalhou os últimos 10 nos Emirados Árabes Unidos
Adão Júnior
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