Movimento por um Futebol Melhor (MFM) completou 29 meses de vida na semana passada. Une 61 clubes num universo de quase um milhão de torcedores cadastrados. Desde janeiro de 2013, o programa depositou R$ 200 milhões nos empoeirados cofres dos times brasileiros. Projeta aplicar mais R$ 130 milhões na temporada, apesar da crise econômica que tranca os negócios do país.
O MFM é um programa de benefícios que tem o apoio de 12 grandes empresas. Oferece vantagens ao sócio-torcedor que, quando busca o produto com a marca das empresas cadastradas no Movimento, recebe um desconto especial - algo como R$ 30
mensais por torcedor.
- Conquistamos 500 mil novos sócios desde o início do projeto. Nestes primeiros cinco meses de 2015 foram 160 mil - explica o executivo carioca Rafael Pulcinelli, 34 anos, gerente corporativo da Ambev e que fala pelo Movimento.
Ele tem uma certeza.
- O sócio-torcedor virou uma realidade. É a principal fonte alternativa para alavancar as receitas dos clubes e ajudar em todos os setores, até na contratação de jogadores. O sócio pode gerar uma infinidade de dinheiro aos clubes.
O Inter é uma das referências do MFM. É dotado de uma inteligência especial quando o assunto envolve sócios e é consultado regularmente por clubes que desejam aumentar a sua base
de associados.
- Usamos muito o Inter, que tem o maior número de sócios no Brasil, como referência nos nossos estudos. Aliás, nós temos duas referências no nosso trabalho, o Inter, que tem cerca de 137 mil sócios, e o Benfica, de Portugal, com 270 mil, o número 1 do mundo.
O Benfica é um caso à parte no futebol mundial, dissecado por gestores de diferentes idiomas. O segredo do clube é oferecer descontos no maior número possível de produtos que fazem parte da vida do torcedor, no futebol e fora dele. Abrange o caderno escolar e a conta do gás, a roupa social e a bomba de gasolina, a chuteira, a camisa e o boleto da energia elétrica. Até em picolé tem.
- Antes, quando o time ia bem, o sócio também. Quando o time ia mal, o sócio ia junto. Agora não é mais assim. O Movimento tenta focar também naquele fã que não vai ao estádio. Os torcedores do Grêmio e Inter podem receber benefícios mesmo morando longe do Rio Grande do Sul.
O MTM é questionado pelo seu ranking, o que mede o número de sócios. Pulcinelli responde. Explica como os números são levantados e solidificados.
- O clube passa a identificação do torcedor, que é o número do seu CPF. Eu recebo a base de CPF dos clubes, que adotam diferentes critérios no envio, e os habilito. A nossa contagem na questão do sócio-torcedor é sempre em cima da quantidade de números de CPF que os clubes apresentam. Se manda um CPF que está inadimplente na sua base, pior para o clube, que não recebe nada em troco.
Pulcinelli entende que não faz sentido discutir o número de sócios do ranking.
- Se o clube informa que o sócio está ativo, ele recebe os benefícios destinados ao sócio-torcedor e ganha descontos nas compras. Quando você dá o benefício sem que o torcedor precise pagar algo, favorece um cara que não contribue com o clube. Mas cada clube atende a um critério próprio para medir os inadimplentes da sua
lista. Nós respeitamos as regras de todos.
O Inter tem cerca de 2,5% de seus torcedores na base de sócios. É o maior benchmarking do Brasil.
Se o Flamengo, com a maior torcida, atingisse os mesmos índices da equipe gaúcha, passaria dos atuais 53 mil para incríveis 812 mil associados. O Grêmio sairia dos atuais 82,5 mil para 150 mil.
O futebol brasileiro ficaria cerca de R$ 800 milhões mais rico se somente os 12 grandes clubes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul atingissem o mesmo número de sócios captados do Inter.