O soldado da Polícia Militar, Luís Paulo Mota Brentano, voltou a alegar que disparou em legítima defesa os tiros que mataram o surfista Ricardo dos Santos, o Ricardinho, em janeiro deste ano, na Guarda do Embaú, em Palhoça. Mas advogados assistentes de acusação garantem que ele não convenceu e que essa versão mais uma vez se mostrou inconsistente.
O depoimento do soldado foi dado nesta segunda-feira à Justiça na audiência de instrução e julgamento, que durou seis horas.
A juíza Carolina Ranzolin Nerbass Fretta não permitiu o acesso da imprensa aos interrogatórios.
No começo da tarde, jornalistas chegaram a ser impedidos de entrar no Fórum de Palhoça pela Polícia Militar, que só permitiu a entrada depois de insistentes pedidos.
Mota foi o último a ser ouvido. Antes, 13 testemunhas, a maioria de acusação, prestaram declarações à juíza e à promotoria.
O interrogatório do soldado começou às 18h30min e se encerrou às 20h. O DC apurou que o policial afirmou que atirou para se defender do surfista após uma discussão envolvendo a retirada do carro estacionado por Mota em frente à pousada da família de Ricardinho.
Assim como havia declarado à Polícia Civil, o policial militar relatou que o surfista portava um facão, mas não soube explicar porque até agora a arma branca não apareceu.
Uma familiar de Ricardinho que acompanhou parte da audiência afirmou que Mota chorou em alguns momentos, aparentava bastante nervosismo e não estava algemado.
O soldado entrou e saiu pelos fundos em viatura policial descaracterizada e foi escoltado por outros dois carros da PM até o 8º Batalhão da PM, em Joinville, onde está preso.
Familiares do surfista, entre eles a mãe Luciane dos Santos e o avô Nicolau dos Santos, marcaram presença. Eles também prestaram depoimento e estavam bastante emocionados.
Um dos advogados assistentes de acusação, Adriano Salles Vanni, disse ao final que a versão de legítima defesa do policial não convenceu os presentes. O advogado acredita que Mota pode ser levado a júri popular ainda este ano, desde que o réu não apresente recurso.
- A celeridade do processo está sendo demonstrada e o réu está preso. Acreditamos que se não houver recurso pela defesa o júri sai ainda este ano - afirmou Vanni.
O DC não conseguiu conversar com os advogados do soldado. Agora, novas testemunhas serão ouvidas.
Depois disso, o processo então seguirá para as alegações finais e só após a juíza decidirá se Mota deverá ou não ser julgado pelo júri popular.
Sem trabalhar em quartel
Das testemunhas, apenas duas foram ouvidas na presença do réu - as outras foram ouvidas na ausência do acusado por se sentirem constrangidas com a presença dele.
Na audiência, a juíza leu ainda uma manifestação da Corregedoria da PM sobre a impossibilidade do réu em exercer qualquer atividade onde se encontra preso, no batalhão da corporação, em Joinville.
A defesa pediu depoimento de uma nova testemunha mencionada nesta segunda, que é um sargento da PM e a solicitação foi deferida pela juíza. Também há testemunhas de outras cidades que vão ser interrogadas por cartas precatórias.
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