Suspenso por dois jogos pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro, o técnico Vanderlei Luxemburgo resolveu agir de forma diferente neste sexta-feira. Após o treino realizado pela manhã, o treinador sentou à mesa de coletiva e garantiu que este seria o último pronunciamento dele por conta das punição.
Luxemburgo, que tinha uma liminar junto ao STJD para estar à beira do campo neste domingo, contra o Fluminense, teve o direito cassado pelo mesmo tribunal na noite desta quinta-feira. E respondeu de forma irônica, com um esparadrapo representando uma mordaça sobre a boca ao final da entrevista.
Diante dos fatos, Luxemburgo deixou claro que o time não sairá prejudicado por conta do trabalho que vem sendo desenvolvido. Porém, garantiu que não estará no Maracanã no clássico. Além disso, afirmou que não irá se calar, mas só voltará a falar após tirarem sua "mordaça".
Confira o pronunciamento de Luxemburgo:
"Seria até um direito meu, respeitando vocês, mas esse momento queria um pronunciamento das coisas que estão acontecendo, e é importante o meu posicionamento.
Em primeiro lugar, não é a primeira vez que acontece de eu ficar fora de um jogo, suspenso. Já aconteceu... e fui campeão. Não vejo isso como um problema da equipe, um prejuízo. Tenho um trabalho com o Deivid, com os jogadores, caso eu saia do jogo, esteja suspenso, os jogadores sabem das propostas, como deve ser o comportamento.
Quero comunicar também uma questão minha em conversa com o presidente: não vou ao jogo. Senti-me prejudicado, e não tem por que estar num local em que não posso assistir ao jogo. Como profissional, não irei por não poder atuar. Isso está acordado com a diretoria.
Agora, como cidadão, em um momento importante do Brasil, onde tivemos uma eleição com debates ferrenhos de todos os lado, ideias, movimentos ruins de violência no país, onde confundiram processo democrático com violência e depois tivemos um movimento democrático pró e contra o governo.
Esse direito foi conquistado através de lutas para quebrar a ditadura, e o que o povo conquistou. Não pode, em 2015, um órgão importante do Rio, em uma situação importante do esporte, voltar a viver um momento de ditadura. Impossível acontecer. Começamos lá atrás com um movimento de rua, e está na Constituição o direito de liberdade de ir e vir. Como cidadão, me senti violentado e agredido. Fiz muitas coisas pelas quais deveria ter sido punido, mas agora queria a melhora do futebol brasileiro. Tomaram uma derrota por sete e estão buscando um caminho ainda. Quando me posicionei, não foi em relação ao presidente, mas sim contra a Federação, que não quer dar chance aos jovens.
E o termo 'porrada' não é com a mão. Só o procurador entendeu assim. Vejo constantemente isso na televisão, no nosso meio, e não foi tentativa de agredir ninguém. Acho isso complicado nesse momento. Como cidadão, venho repudiar e continuo criticando o que tem de ser criticado. Então, continuarei com meus movimentos para meus filhos e netos terem um país melhor. Não vou me calar. Se quiserem me tirar do carioca, me tirem, que façam isso, mas não vou me calar.
Não irei me posicionar mais. Só vou falar isso depois que conseguir me livrar disso e tiver o direito à liberdade."