"Je suis Zlatan". É com este lema, inspirado na tragédia do ataque terrorista à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, que suecos saíram em defesa do herói nacional, o atacante Zlatan Ibrahimovic, alvo de uma enxurrada de críticas por ter chamado a França de "país de merda".
Nas ruas da capital Estocolmo, na manhã desta terça-feira, era impossível encontrar pessoas dispostas a se juntar ao coro dos críticos ao atleta que proporcionou tantas alegrias aos fãs de futebol do país.
- Ele não foi feliz com estas declarações, com certeza, mas deu para entender o que ele quis dizer, não foi contra os franceses - disse Sebastian, de 20 anos, repetindo a justificativa usada pelo atacante de 33 anos quando pediu desculpas em vídeo postado na segunda-feira no site do seu clube, o Paris Saint-Germain.
No domingo, depois da derrota por 3 a 2 para o Bordeaux, Ibra perdeu a cabeça ao criticar a arbitragem quando caminhava rumo ao vestiário, em declarações flagradas pelo canal Infosport.
- Em 15 anos de carreira, nunca vi um árbitro assim. País de merda. Este país não merece o PSG - disparou o atacante, causando indignação na França, sem perder prestígio na Suécia.
- É apenas um ser humano, como os outros, às vezes, quando fica com raiva, as palavras vão além do seu pensamento - opinou Emilie, de 27 anos.
- Ele não me decepcionou. Continua sendo um atacante fantástico - resumiu Mattias, de 40 anos.
A mídia impressa tratou de minimizar o incidente.
- Bastam alguns palavrões de um jogador de futebol para que todo mundo fique louco - analisou o tabloide Expressen.
- Je suis Zlatan! (Eu sou Zlatan) - estampou em sua manchete o jornal Aftonbladet, lembrando num editorial a reação da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, que afirmou na segunda-feira que "aqueles que consideram a França um país de merda podem deixar o país".
O jornal sugeriu até uma resposta ao jogador:
- Sou Zlatan, e enquanto estou fazendo meu trabalho, Le Pen deveria ficar quieta na arquibancada, comendo salsicha.
O caso Ibra será avaliado nessa quinta-feira pela comissão disciplinar da Liga de Futebol Profissional da França (LFP). De acordo com uma fonte próxima ao caso, o sueco corre risco de ser suspenso por quatro jogos.
*AFP