A torcida do Grêmio está assustada com a debandada de jogadores experientes, mas só pode ser uma crise de abstinência por não ter mais a quem vaiar.
Sem Pará, sem Werley, sem Bressan e sem Zé Roberto; sem Edinho, sem Elano, sem Barcos, sem Marcelo Moreno, sem Kleber e até sem Dudu, Maxi Rodríguez e Alan Ruiz, o medo do torcedor do Grêmio certamente é de não ter um alvo para descarregar suas críticas e, em consequência, ter que acreditar que uma nova geração vem aí, se expondo, precisando de apoio, com foco em um prazo maior e acreditando no futuro.
Grêmio oficializará saída de Moreno nesta terça-feira
Rui Costa espera "readequação financeira" do Grêmio em até dois anos
A realidade de Galhardo, Júnior, Araújo, Walace, Lincoln, Everton, Luan, Everaldo, Lucas Coelho e até Yuri Mamute, junto com Ramiro, Giuliano, Marcelo Oliveira e uma zaga grande, forte e experiente pode até gerar dúvidas de grandes sucessos, mas absolutamente não aponta para qualquer tipo de fracasso maior. O trabalho que vem sendo feito neste ano no Grêmio precisa de uma base de otimismo e de uma radical capacidade de renúncia dos mais chatos à necessidade de reclamar.
Leia todas as colunas De Fora da Área
Qualquer torcedor, dirigente, cronista esportivo ou simples curioso sabe quantos gols o Grêmio tomou por causa do Pará, ou pelas deficiências de Werley e Bressan, seja em Gre-Nais, seja em Libertadores. A lentidão de Elano, Zé Roberto, Edinho, Maxi Rodríguez, Alán Ruiz e outros ainda está bem presente. E a inoperância ofensiva de Marcelo Moreno primeiro e Barcos depois está nas estatísticas aí, para ninguém esquecer.
Catastrófico agora seria a saída de Felipão. Isso, sim. Se ele fica, o trabalho é confiável. Os garotos têm qualidade. Há tempo de sobra para trabalhar. Os fantasmas foram todos exportados. Quem vai sofrer com os adversários estrangeiros este ano é o Inter na Libertadores. É mais fácil para o Grêmio ganhar o Gauchão agora do que nos últimos quatro anos. Pode faltar um pouco de força ainda, mas sobra velocidade. E vontade. Injusto é descrer de boas promessas simplesmente em nome do pensamento mágico.
Ganhar e perder são coisas naturais no futebol. Como na vida. Cada vez mais, porém, as vitórias não acontecem por acaso. Quem não planeja, quem não investe com sustentabilidade (no caso, dinheiro e material humano), quem não trabalha se corrigindo, errando e acertando, não chega a lugar nenhum. Aliás, chega sim. Chega em terceiro, chega em sexto, chega em décimo...