O relógio quase marca 1h da manhã. Vestindo uma camisa azul clara, uma bermuda branca e uma corrente de ouro, Sandro Sotilli está sentado no estúdio principal da Rádio Gaúcha e escuta atentamente uma pergunta de um ouvinte, via Whatsapp. O fã afirma: o ex-atacante é melhor que Messi e Cristiano Ronaldo. Detalhe, juntos.
O eterno camisa 9 sorri e diz: "Ué, eles não jogaram Campeonato Gaúcho... (risos)".
Pense rápido: cite um clube do interior gaúcho que Sandro Sotilli não tenha vestido a camisa 9. Ypiranga, Veranópolis, Juventude, Caxias, Glória, Pelotas, Brasil de Farroupilha, Passo Fundo, São Luiz, Marau, Gaúcho, São Paulo de Rio Grande, XV de Campo Bom, dentre outros.
O primeiro clube que o atacante vestiu a camiseta foi o São Paulo de Rondinha. Ainda criança, aos nove anos, ele fazia os seus primeiros gols e ensaiava suas primeiras comemorações ao balançar as redes - só na primeira divisão do Gauchão são 111, o que o torna o maior artilheiro da história do estadual.
"No início da carreira, com nove anos, em Rondinha, eu ia a cavalo treinar. Eu morava muito longe do local dos treinamentos e se fosse a pé eu chegava cansado. Então, eu pedia o cavalo emprestado para o vizinho e ia jogar", recorda.
O primeiro clube profissional foi o Ypiranga de Erechim, sem nenhuma passagem por categoria de base. Lá, trabalhou com um técnico Tite em início de carreira. Uma das maiores alegrias de sua vida, segundo o próprio, foi assinar a primeira ficha de atleta profissional.
Porém, o sucesso dentro das quatro linhas quase foi parar na paróquia. Vindo de uma família religiosa, estudou em colégios maristas e teve que contrariar o desejo dos familiares na hora de fazer os santíssimos votos: "Eu só queria futebol, não dava (risos)".
Na hora de balançar às redes, o “Alemão Matador” cita outro centroavante nato: Dadá Maravilha. “Feio é não fazer gol”.
Em entrevista ao Esporte & Cia, uma revelação: "Sotigol", quando criança, era gremista. Anos mais tarde, vestiu a camisa do Inter profissionalmente. Hoje ele admite, se tiver que escolher entre a dupla Gre-Nal, fica com o Inter. Entretanto, um amor é maior que os outros: "Se tiver que torcer para um time, eu sou Pelotas."
Agora é a hora de curtir a vida. Depois de mais de 20 anos de carreira pelos gramados, Sandro Sotilli anunciou que as chuteiras que já marcaram cerca de 500 gols foram penduradas. Daqui para frente, vai se dedicar à família e aproveitar.
"Agora eu quero cuidar um pouco da minha família. São 20 anos na estrada do futebol. Quero curtir a vida, jogar futebol amador, comer uma carne, tomar uma cerveja com os amigos, etc. Depois eu decido o que vai acontecer daqui pra frente. Estou tranquilo, eu planejei bem isso. Minhas filhas estão pequenas e quero curtir com elas. Depois a gente vê", conclui.
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