Veja a lista de clássicos que ao longo dos anos comoveram torcidas e assumiram uma identidade própria a exemplo do Gre-Nal Farroupilha ou o do Século. Relembre algumas histórias:
Gremistas:
* Gre-Nal dos 10x0 (21 de junho de 1909)
Um Inter recém-fundado e ainda embrionário desafiou o Grêmio já estabelecido, com seis anos de vida, para o primeiro clássico da história, na Baixada. Quando ouviu o convite para a partida, o presidente gremista, Augusto Koch, chegou a oferecer o "segundo quadro" do clube. Os colorados se ofenderam e convenceram os rivais a colocar sua equipe principal em campo. O resultado foi um massacre tricolor. Aproveitando-se da inexperiência e da fragilidade do adversário, o Grêmio empilhou gols e venceu por 10 a 0. Booth (5), Grünewald (4) e Moreira marcaram.
* Gre-Nal Farroupilha (22 de setembro de 1935)
Foto: Reprodução, Revista Imortal Tricolor
Porto Alegre atravessava o ano comemorando o centenário da Guerra dos Farrapos _ e o certame de futebol da cidade ganhou importância simbólica com o apelido de Campeonato Farroupilha. No Gre-Nal da decisão, na Baixada, o Inter só precisava de um empate e dominou o jogo inteiro. Mas faltando dois minutos para o fim da partida, Foguinho acertou um chutaço de fora da área, fez 1 a 0 para o Grêmio, recuperou a saída de bola e deixou Laci livre para marcar o segundo. Após a vitória, o técnico Sardinha I sugeriu que o título fosse comemorado por mais um século. E até hoje, em 22 de setembro, o Grêmio realiza o Jantar Farroupilha em homenagem àquela conquista heroica.
* Gre-Nal das Faixas (26 de janeiro de 1984)
Com o Grêmio campeão mundial, os colorados viviam uma fase de orgulho ferido. "Eles podem ser campeões do mundo, mas aqui no Rio Grande mandamos nós", afrontou o zagueiro Mauro Galvão, referindo-se ao tricampeonato gaúcho do Inter. Contrariado, Renato propôs um amistoso no Olímpico para mostrar quem realmente mandava. Em um ato simbólico, os jogadores do Grêmio receberam dos colorados as faixas de campeão do mundo, e os do Inter receberam dos gremistas as faixas de campeão gaúcho. Com a bola rolando, o Grêmio saiu perdendo, mas acabou virando por 4 a 2.
* Gre-Nal do Centenário (19 de julho de 2009)
O Grêmio não ganhava Gre-Nal havia quase dois anos _ sete clássicos sem vitória. E aquele primeiro Gre-Nal do Brasileirão ocorreria exatamente um século após o primeiro clássico da história. Favorito, o Inter disputava as cabeças do campeonato, enquanto o Grêmio patinava na competição. Nilmar abriu o placar com um golaço no Olímpico, mas os gremistas viraram com Souza e Maxi López. No dia seguinte ao clássico, anúncios de página inteira nos jornais, assinados pelo Grêmio, corneteavam: "Cem anos depois, a história se repete: deu Grêmio".
* Gre-Nal do Fim do Olímpico (2 de dezembro de 2012)
Confusões, expulsões, muita luta e suor. O Gre-Nal que marcou o último jogo da história do Estádio Olímpico teve o nervosismo que se esperava de um clássico. O Inter teve dois jogadores expulsos no segundo tempo, mas a pressão do Grêmio em busca da vitória não foi suficiente para a equipe tricolor despedir-se de sua casa com uma vitória. O 0 a 0 deixou o time gremista na terceira colocação do Brasileirão de 2012, sem vaga direta na fase de grupos da próxima Copa Libertadores.
* Primeiro Gre-Nal da Arena (4 de agosto de 2013)
No histórico primeiro Gre-Nal da Arena, o de número 397 dos 104 anos do clássico, tudo meio azul, tudo meio vermelho. O empate em 1 a 1 sintetizou um jogo de muita marcação, muita pegada e com gols de centroavantes. Barcos fez 1 a 0 para o Grêmio, de pênalti, aos 18 do primeiro tempo. Leandro Damião, três minutos depois, empatou após ótima jogada de Willians pela direita. E o embate, depois disso, seguiu muito disputado e sem chances claríssimas de gol até o final.
Colorados:
* Primeiro Gre-Nal do Olímpico (26 de setembro de 1954)
O Grêmio foi massacrado no primeiro clássico do recém-inaugurado Estádio Olímpico. Lá pela metade do segundo tempo, o Inter passeava em campo goleando por 4 a 1, quando o goleiro gremista Sérgio, revoltado com os colegas de time, desistiu do jogo e deixou o gramado resmungando. Alguns jogadores do Inter correram até ele, e aí ouviu-se a voz do atacante Bodinho: "Volta, covarde, vem tomar mais quatro". Ofendido, Sérgio voltou. E tomou mais dois _ ambos de Larry, que já havia marcado outros dois. A partida terminou com um histórico 6 a 2 para o Inter.
* Gre-Nal do Gol 1.000 (10 de julho de 2004)
Ainda desconhecido da torcida, um atacante de 26 anos _ que mais tarde lideraria o Inter em algumas de suas maiores glórias _ brilhou pela primeira vez naquela tarde gelada no Beira-Rio. Quando o jogo começou, faltavam dois gols para o milésimo da história dos Gre-Nais. Depois que o Inter marcou o primeiro, com uma cabeçada de Vinícius, todos os que estavam em campo sabiam que um deles poderia ser o autor de um gol antológico. Estreando no time, ao 35 minutos do segundo tempo, Fernandão aparou de cabeça o cruzamento de Élder Granja. Ele fez 2 a 0 e ouviu os gritos de Rafael Sóbis: "É o gol mil, cara, é o gol mil, Fernandão!"
* Gre-Nal do Século (12 de fevereiro de 1989)
Pela primeira vez, Grêmio e Inter se enfrentavam em uma semifinal de Campeonato Brasileiro, o que garantiria ao vencedor uma vaga na Libertadores, além do direto de brigar pelo título nacional. Era o Gre-Nal do Século. O Grêmio fez 1 a 0 com Marcos Vinícius e, no fim do primeiro tempo, o lateral colorado Casemiro foi expulso após uma falta violenta. Mesmo com um a menos, o Inter virou o jogo com dois gols do centroavante Nilson Esídio, que jogou com uma faixa atada ao joelho direito. No fim da partida, Nilson explicou: "Meu problema era no tornozelo esquerdo, mas eles deram porrada na minha perna direita a tarde inteira".
* Gre-Nal dos 5 a 2 (24 de agosto de 1997)
Foto: Valdir Friolin, Banco de Dados ZH
O Inter já ganhava por 1 a 0, gol de Christian, quando o árbitro distribuiu cartões vermelhos durante uma troca de socos e empurrões. Ficaram nove para cada lado no Olímpico, e o atacante Fabiano, em uma das maiores atuações individuais já vista em Gre-Nal, acabou com a partida. Livre de marcação, Fabiano corria e driblava na esquerda e na direita, até que acertou o passe para Sandoval fazer o segundo gol, depois marcou o terceiro e também o quarto. Marcelo fez o quinto. Antes da partida, o futuro herói quase perdera o ônibus da delegação rumo ao Olímpico: estava no banheiro e saiu correndo atrás do veículo.
Confusões:
* Gre-Nal dos Cem Feridos (4 de agosto de 1918)
O Grêmio não vencia clássicos desde 1913 quando entrou em campo, na Baixada, para um dos Gre-Nais mais tumultuados da história. Garibotti marcou o gol gremista que abriu o placar, mas o que se viu depois demonstrava que o ódio já estava arraigado entre as torcidas e os times. Uma discussão sobre quem deveria cobrar um lateral passou do campo para as arquibancadas, e logo os torcedores estavam dentro do gramado, iniciando um quebra-quebra. Em torno de 100 pessoas ficaram feridas, incluindo Ribas, meia colorado esfaqueado por um torcedor.
* Primeiro Gre-Nal do Beira-Rio (20 de abril de 1969)
Foto: Banco de Dados, ZH
O Grêmio queria vingança pela humilhação dos 6 a 2 enfiados pelo Inter na inauguração do Olímpico _ e o amistoso de inauguração do Beira-Rio não virou uma batalha. O ex-goleiro gremista, Sérgio, que tomara seis gols 15 anos antes, agora era técnico do time. A violência da partida era evidente desde os primeiros minutos, mas foi no segundo tempo que a pancadaria começou: jogadores e comissão técnica ocuparam o gramado inteiro para distribuir cruzados, jabs, chutes e voadoras. Com o placar em 0 a 0, vinte atletas foram expulsos naquele jogo que nunca acabou.