O Palmeiras de Luiz Felipe Scolari é um dos clubes mais fechados do Brasil. Desde que o treinador assumiu o cargo, em julho de 2018, não existem mais atividades abertas para a imprensa. Além disso, as entrevistas coletivas passaram a ser apenas ocasionais. O acesso de jornalistas ao centro de treinamento é bastante restrito. Esse isolamento é uma das armas do treinador para a decisão contra o Grêmio, na terça (27), pela Copa Libertadores.
— O isolamento já vinha aumentando nas últimas temporadas, mas ganhou muito mais força a partir de julho de 2018, quando o Felipão chegou. Desde que o treinador assumiu, nenhum treino foi aberto. As entrevistas coletivas minguaram em 2018 e diminuíram ainda mais em 2019. E as exclusivas, ainda possíveis em 2017 e no primeiro semestre de 2018, viraram artigo de luxo na Era Scolari. O clube, oficialmente, não confirma que é um pedido do comandante, mas a linha cronológica das mudanças deixa exposto como é o regime fechado na cobertura do Palmeiras — explica o repórter Gustavo Zupak, setorista do Palmeiras da Rádio Globo, de São Paulo.
Neste final de semana, os treinos são todos fechados e sem entrevistas. Nessas condições, a imprensa é proibida de ingressar na Academia de Futebol, local dos trabalhos. Durante a semana, os jornalistas podem acompanhar apenas o aquecimento.
— Essa política de treinos fechados é algo do Felipão. Não sabemos exatamente o porquê. É uma prática que o Palmeiras está adotando. Nós não podemos ver os treinos. Só é permitido acompanhar 10 minutos cronometrados do aquecimento — completa o jornalista Gustavo Berton, repórter do canal Fox Sports.
As entrevistas coletivas de jogadores, rito diário na maioria dos clubes brasileiros, são raras no Palmeiras. Nos seis dias que separam os dois jogos do mata-mata contra o Grêmio, haverá atendimento à imprensa em apenas dois. Na última quinta (22), o meia Gustavo Scarpa conversou com os jornalistas. Já na segunda (26), véspera do jogo, será a vez do goleiro Weverton. E só.
— O Palmeiras hoje é um clube muito fechado. Tem dias em que não há entrevistas. Muito disso passa pelo Felipão. Ele tem alguns hábitos que o ajudaram, mas ele não ganhou por esses hábitos. Ganhou porque mereceu ganhar no campo. Mas, no mata-mata, da maneira como ele mobiliza o grupo, com essa ideia de treinos fechados ou de poucas entrevistas, o Felipão cuida para não dar estímulo aos adversários e não ter entrevistas que criem problemas. A instituição abraçou e concordou com a ideia — opina o jornalista Raphael Prates, comentarista da Rádio Globo.
Apesar do mistério, Felipão deve promover apenas uma mudança na equipe. O volante Felipe Melo, suspenso, deve dar lugar a Thiago Santos. Palmeiras e Grêmio enfrentam-se na terça (27), às 21h30min, no Pacaembu. Como venceu o jogo de ida, na Arena, por 1 a 0, os palmeirenses jogam pelo empate para avançar às semifinais. Já a equipe gremista precisa de uma vitória de 1 a 0 para levar a decisão para os pênaltis e de qualquer outro resultado positivo para garantir a vaga no tempo normal.