A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), por meio de nota assinada pelo presidente da entidade, Elayyan Taher Aladdin, afirmou que o jogo entre Inter e Palestino, nesta terça-feira (9), será "um momento de confraternização". Conforme a entidade, a maior parte da comunidade palestino-brasileira que ocupará os lugares destinados à torcida do clube chileno no Beira-Rio é também torcedora do Inter.
Nesta segunda-feira (8), a Organização Sionista do Rio Grande do Sul protocolou no Ministério Público Estadual (MP-RS) e na Federação Gaúcha de Futebol (FGF) documento exigindo que o clube chileno retire de seu uniforme um mapa no qual aparece a antiga palestina, anterior à existência de Israel.
A entidade palestina ressaltou que o mapa foi adotado pelo Palestino nos anos 1930, quando de sua fundação, antes da resolução de partilha adotada pelas Nações Unidas: "A comunidade palestino-brasileira dispensa todas as manifestações de extremismo e ódio", destacou ainda a nota.
Leia a íntegra da nota:
Nota pública da FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil sobre o jogo entre Internacional e Palestino
Em virtude de preocupações quanto à participação da comunidade palestino-brasileira do Rio Grande do Sul no jogo entre Internacional e Palestino, pela Copa Libertadores, nesta terça-feira (9), lançadas por um grupo denominado Organização Sionista do Rio Grande do Sul, a FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil esclarece que:
1. O jogo será um momento de confraternização entre as torcidas, inclusive porque a maior parte da comunidade palestino-brasileira que ocupará os lugares destinados à torcida do Palestino é, também, torcedora do Internacional;
2. Esta FEPAL buscou, tanto junto ao Internacional e sua diretoria como junto às suas torcidas organizadas, promover uma grande festa, que só o esporte é capaz de proporcionar, independentemente do resultado do jogo;
3. No que toca ao uniforme do Palestino, ele obedece às regras da Conmebol e às da Federação de Futebol do Chile;
4. Quanto ao mapa aludido, é de se ressaltar, para que se faça justiça frente à história, que ele foi adotado pelo Palestino nos anos 1930, quando de sua fundação, isto é, antes da resolução de partilha adotada pela ONU, razão pela qual é apenas parte da simbologia histórica do clube, jamais merecendo a politização por alguns buscada;
5. Ainda quanto ao mapa da Palestina histórica – que é anterior à resolução 181 da ONU, que recomendou sua partilha –, é importante frisar que é o Estado da Palestina que até hoje não foi implementado na prática, e que não é reconhecido por Israel, algo que a ONU faz desde 2012 e é acompanhada por 140 países (o Brasil desde 2010, outros desde muito antes e alguns após esta manifestação da ONU);
6. A comunidade palestino-brasileira dispensa todas as manifestações de extremismo e ódio e todas as formas de racismo, supremacismo, apartheid e de intolerância, especialmente a religiosa, e o tem provado no Brasil por meio de suas atividades políticas, culturais e comunitárias, atitude idêntica às dos que apoiam a justa causa da Palestina;
7. Acreditamos num processo de diálogo entre os povos e nações que conduza à paz, à harmonia, à justiça e à realização dos justos anseios nacionais, dente eles o da Palestina, que merece ser um Estado soberano, que exista junto dos demais em paz e segurança, numa região que também seja segura para todos os povos, o israelense dentre eles; e
8. Por fim, renovamos nosso mais profundo respeito a todas as confissões religiosas, a judaica incluída, rogando para que estas jamais sejam confundidas com as opções políticas ou ideológicas que parte de seus membros ou dos que as representem, sejam instituições ou estados, adotem.