Para a Conmebol, a final da Libertadores tem data e local marcados para ocorrer: será em Madri, no próximo domingo (9). Porém, falta combinar com os clubes participantes. O River Plate, punido com a perda do mando de campo, sente-se prejudicado. O Boca Juniors, por sua vez, contratou um escritório de advocacia e promete esgotar juridicamente todas as instâncias em busca da exclusão do rival. Ou seja, a partida decisiva corre o risco de não acontecer. E aí, como ficaria? Quem seria o representante sul-americano no Mundial de Clubes?
No artigo 7 do regulamento da competição, a Fifa fala na possibilidade de substituição em caso de exclusão ou ausência do campeão: "Se algum participante se retirar ou for excluído da competição, a Fifa irá decidir o assunto de acordo com seu exclusivo critério e tomará qualquer ação necessária. O corpo competente da Fifa pode, em particular, decidir substituir o clube em questão por outro clube".
— Essa definição é uma discricionariedade da Fifa. Ou seja, não existe nenhum requisito no regulamento para que se convide clube A ou B. Então, será a Fifa quem vai decidir pelo substituto de River ou Boca. O mais razoável para essa definição seria que a Fifa buscasse algum dos clubes que disputou a semifinal da Libertadores. Qual, não dá para saber — argumentou Eduardo Carlezo, advogado especialista em direito esportivo e que, inclusive, defendeu o Boca Juniors quando de sua exclusão nas oitavas da Libertadores, em 2015, quando torcedores atiraram gás de pimenta nos jogadores do River.
Por parte do Grêmio, no entanto, não há expectativa quanto a um convite para que o clube, como atual campeão da Libertadores, represente a Conmebol nos Emirados Árabes.
— Não acredito que tenhamos um convite. Não sei se vai ter jogo (final da Libertadores), mas se encaminha muito mais para que o continente sul-americano fique ausente do Mundial de Clubes, do que por uma indicação para a vaga. Este é o meu sentimento —declarou o presidente tricolor Romildo Bolzan Júnior.
Ao longo da história do Mundial Interclubes não há precedentes deste tipo. Até 1979, quando o torneio era disputado em jogos de ida e volta, cinco europeus se negaram a atuar fora de casa, temendo a violência dos estádios sul-americanos. Com isso, a Fifa substituiu o campeão pelo vice-campeão: em 1971 e 1973, Panathinaikos e Juventus substituíram o Ajax; em 1974, o Atlético de Madrid foi no lugar do Bayern de Munique; em 1977, o Borussia Mönchengladbach ocupou a vaga do Liverpool; e em 1978 foi a vez do Malmö representar o Nottingham Forest. Ainda há o caso do Olympique de Marseille, punido por manipulação de resultados e impedido de jogar em 1993 - o que classificou o vice-campeão Milan. Isso sem citar os casos de 1975 e 1978, onde ambos os clubes alegaram incompatibilidade de datas e não disputaram o título mundial: Bayern de Munique x Independiente e Liverpool x Boca Juniors, respectivamente.
O representante da América do Sul estreia na semifinal do Mundial de Clubes de 2018 no dia 18 de dezembro, na cidade de Al Ain. A segunda partida (seja final ou decisão do terceiro lugar) está prevista para o dia 22, em Abu Dhabi.
