Aos 34 anos, o experiente volante uruguaio Mathias Riquero acumula na carreira uma breve passagem pelo Caxias e histórias inusitadas como a que lhe rendeu o apelido de "O honesto".
Quando o sorteio da Libertadores colocou o Grêmio no mesmo grupo do surpreendente Iquique, do Chile, um jogador, em especial, já tinha todas as informações do adversário: Mathias Riquero. Um volante desconhecido do público em geral. Longe dos holofotes dos poderosos Universidad Católica, Universidad de Chile e Colo-Colo, o uruguaio acumula no currículo uma rápida passagem pelo futebol gaúcho. Suficiente para conhecer o tamanho e a história do Grêmio.
Riquero passou pelo Caxias em 2009. Atuou em duas partidas e fez um gol. Iniciou a temporada com Renê Weber, porém, o treinador durou pouco e foi substituído por Argel – de quem Riquero não guarda boas lembranças:
– Quando o Argel chegou no Caxias, apresentou uma lista de jogadores que pretendia dispensar e eu estava nela. Ele falou que não queria trabalhar com gringos e me disse: "Fora, gringo" – revelou o uruguaio em entrevista à Rádio Gaúcha.
– No momento foi difícil, mas por sorte, não cheguei a levar minha família para morar em Caxias do Sul. Afinal, foram apenas duas partidas – uma delas contra o Inter no Beira-Rio.
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Porém, a história mais inusitada envolvendo o volante ocorreu no mesmo ano de 2009, no dia 1º de novembro. Aos 27 anos, Riquero defendia o Liverpool, do Uruguai, e saiu para enfrentar o modesto Central Español, uma vitória deixaria o Liverpool na liderança do Campeonato Uruguaio.
Aos 40m do segundo tempo de partida, Riquero arrematou um chute forte e a bola ingressou no gol, mas através da parte lateral externa da rede. O juiz de linha, Álvaro Diaz, assinalou gol e o árbitro Freddy De Seja, validou. Os jogadores do Central Español protestaram durante seis minutos pedindo que o gol fosse anulado.
Nessa hora, Riquero, que havia comemorado o gol, informou o árbitro que a bola não havia entrado. O jogo terminou 0 a 0 e o Liverpool perdeu a oportunidade de liderar o campeonato.
– Fiz o que achei correto na hora. A maioria da torcida do Liverpool ficou tranquila, mas outros me xingaram. Não era justo com o Central que perdesse com um gol ilegal. Fiquei feliz com a decisão de anular o gol.
Por essa atitude, Riquero recebeu uma distinção da comissão nacional de árbitros do Uruguai como Fair Play do ano.