Nesta quinta-feira (21), a Justiça condenou pela terceira vez os ex-dirigentes do Inter Vitorio Piffero e Pedro Affatato por irregularidades na gestão à frente do Inter. Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira (21), o promotor de Justiça do Ministério Público Flávio Duarte detalhou os próximos passos da operação e os desdobramentos.
Ainda em 2024, o Ministério Público espera avançar em denúncias sobre possíveis irregularidades cometidas pelo departamento jurídico do clube à época. Para o próximo ano, a expectativa é de que esses desdobramentos avancem ao departamento de futebol.
— Todas as investigações foram concluídas, o que temos são várias denúncias. Temos ainda o braço jurídico, relacionado ao departamento jurídico da época e eventuais fraudes que ocorreram na ocasião. Temos também a parte do futebol, que está um pouco mais atrasada. E outras situações secundárias, envolvendo sindicato dos atletas, envolvendo pessoas que estavam na direção. O núcleo jurídico terá provável desfecho no primeiro semestre do próximo ano — ressaltou o promotor.
Na entrevista, Duarte fez questão de frisar que a decisão da Justiça "significa a legitimidade das investigações do Ministério Público. Além disso, representa a gravidade dos fatos, refletida na altíssima pena aplicada aos réus".
O ex-presidente foi condenado a 12 anos, enquanto o ex-vice de finanças pegou 76 anos, conforme decisão da 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento. Piffero cumprirá pena por estelionato e lavagem de dinheiro. Affatato, além desses dois crimes, também foi condenado por organização criminosa. Esta foi mais uma etapa da Operação Rebote, deflagrada ainda em 2018.
Não há nenhum prazo para eventuais execuções das penas, já que as partes irão recorrer. No entanto, no entendimento do Ministério Público, os julgamentos devem ocorrer ainda em 2025.
As fases anteriores da Operação Rebote já haviam apontado irregularidades em outras áreas do clube sob a gestão Piffero. Além do futebol e do departamento jurídico, as investigações implicam departamento de obras, de viagens e Sindiclubes.
— Constatamos fraudes que existiam em outros setores do clube. Esse modus operandi de notas falsas estava acontecendo em diversos setores do clube. É a maior investigação financeira feita pelo Ministério Público do Estado — avaliou.
A reportagem entrou em contato com a defesa dos ex-dirigentes. A advogada Bruna Aspar Lima, que representa Pedro Affatato, afirmou que "vão recorrer e só irão se manifestar nos autos do processo". Nei Breitman, que defende Piffero, disse que "a sentença tem centenas de páginas e uma manifestação mais precisa depende de exame".
"Após leitura acurada poderemos nos manifestar mais pontualmente. Contudo, entendemos que a condenação do Sr. Vitório Piffero tem relação com o fato de, à época, exercer a Presidência do Clube. Reafirmamos a total inocência dele em relação aos fatos que geraram esse processo; especialmente aquele pelo qual restou condenado. Iremos recorrer e confiamos na reversão da sentença", afirmou o advogado em contato com a reportagem.