O ex-presidente do Inter, Vitorio Piffero, e seu parceiro na diretoria, Pedro Affatato foram condenados por 12 e 76 anos de prisão, respectivamente, em decisão divulgada nesta quinta-feira (21). A condenação diz respeito a crimes cometidos durante a gestão do clube no biênio 2015/16.
GZH relembra como foi a apuração das irregularidades da gestão do Inter de 2015 e 2016:
Contas da gestão são reprovadas
Em 7 de abril de 2017, o Conselho Fiscal emitiu parecer recomendando ao Conselho Deliberativo a reprovação das contas de 2016 da gestão Vitorio Piffero. Em 17 de abril de 2017, o Conselho Deliberativo, em votação, decidiu acatar a recomendação do Conselho Fiscal e reprovou as contas de 2016. O pedido de abertura de sindicância para investigar as "graves falhas de controle interno" também foi acolhido.
Relatório aponta inconsistência em contratos
Em 5 de setembro de 2017, o Conselho Deliberativo, em reunião extraordinária, ouviu a apresentação de um diagnóstico das finanças do clube, feito pela Ernst & Young a pedido da gestão de Marcelo Medeiros. Os consultores apresentaram inconsistências em contratos de obras que custaram ao clube R$ 9 milhões. Os conselheiros votaram pela criação de uma comissão especial para investigar os gastos na gestão Piffero.
GDI: Gestão Piffero no Inter pagou R$ 9,9 milhões a empresas por obras não encontradas por consultoria
Nos dias 23 e 24 de março de 2018, o GDI publicou as primeiras reportagens, revelando que o clube pagou R$ 10 milhões para cinco empresas inexistentes ou inativas por obras que jamais foram identificadas por auditorias contratadas pelo Inter. Os pagamentos das notas eram avalizados pelos vice-presidentes Pedro Affatato, de Finanças, e Emídio Marques Ferreira, de Patrimônio.
Inter pagou por serviços inexistentes no Centro de Treinamento de Guaíba
Em 4 de maio dde 2018, o GDI divulgou que o ex-vice-presidente de Finanças do Inter, Pedro Affatato, apresentou sete notas fiscais da empresa Keoma para justificar saques de R$ 635 mil. As notas apontavam que a Keoma realizou serviços no CT do clube em Guaíba entre 2015 e 2016. Entretanto, naquela época, o clube não tinha licença de instalação no terreno. Jamais foram executadas obras no local.
Dono de empreiteira que emitiu notas de cobrança ao Inter por obras não encontradas é ligado a ex-dirigente
Em 18 de maio de 2018, reportagem do GDI apontou que o ex-vice-presidente de Patrimônio Emídio Marques Ferreira teve como responsável técnico em suas empresas particulares o engenheiro Ricardo Bohrer Simões, que tinha vínculo com três empresas que cobraram R$ 6,9 milhões do Inter por obras que não teriam sido realizadas.
Piffero e mais três impedidos de ocupar cargos
Em outubro de 2018, a Comissão Especial de Apuração do Conselho Deliberativo concluiu o trabalho, condenando o ex-presidente Vitorio Piffero e os ex-vices Pedro Affatato, de Finanças, Emídio Marques Ferreira, de Patrimônio, e Alexandre Limeira, de Administração, a ficarem impedidos de ocupar cargos elegíveis em entidades esportivas por 10 anos.
Piffero e Affatato são excluídos do quadro social do Inter
Em maio de 2019, a Comissão de Ética do Conselho Deliberativo do Inter decidiu excluir do quadro social do clube o ex-presidente Vitorio Piffero e o ex-vice de finanças Pedro Affatato. A decisão foi tomada a partir da denúncia elaborada pela Comissão Especial do Conselho.
Denúncia no MP
O Ministério Público Estadual anunciou em novembro de 2019 a formalização da denúncia criminal contra 14 pessoas, entre ex-dirigentes, profissionais liberais e empresários de jogadores de futebol pelas supostas fraudes que ocorreram na gestão 2015/2016. A investigação apontou desvios superiores a R$ 13 milhões.
Primeira condenação
Em 5 de março foi publicada a sentença com as condenações de Piffero e Affatato por estelionato, formação de quadrilha. No caso de Affatato, a condenação também se deu por lavagem de dinheiro.
Piffero foi condenado a 10 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, pela soma dos dois delitos. Já Affatato, antigo vice-presidente de finanças, recebeu pelos três crimes uma pena de 19 anos e oito meses em regime semiaberto. Ambos têm o direito de apelar da decisão judicial em liberdade.
Ex-vice jurídico condenado
Em outubro deste ano, o ex-vice-presidente jurídico do Inter Marcelo Castro foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão em regime fechado em um desdobramento da operação que apura irregularidades da gestão 2015 e 2016. A Justiça considerou o dirigente culpado por apropriação indébita de mais de R$ 1,144 milhão pagos pelo clube ao Sindiclubes. A condenação prevê ainda 270 (duzentos e setenta) dias-multa, fixado o valor do dia-multa em um salário mínimo (piso nacional) vigente à época do fato.
Condenação desta quinta-feira
A Justiça condenou pela terceira vez os ex-dirigentes do Inter da gestão 2025/16. Vitório Piffero e Pedro Affatato foram condenados por crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Nesta quinta (21), o ex-presidente foi condenado a 12 anos, enquanto o ex-vice de finanças pegou 76 anos, conforme decisão da 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento.