Depois de uma semana da demissão de Eduardo Coudet, o Inter anunciou Roger Machado como novo treinador. O técnico terá a missão de reconduzir o time ao caminho das vitórias no Brasileirão e de virar o confronto com o Rosario Central na Copa Sul-Americana. Para esse desafio, Zero Hora projeta como deverá jogar a equipe sob o comando de Roger.
Ao longo de seus trabalhos em diferentes clubes da Série A do Brasileirão, o treinador teve o sistema tático 4-2-3-1 como preferencial. Era assim que ele vinha jogando no Juventude e a tendência é de que repita a ideia no Beira-Rio — o que não será novidade para o elenco, pois o Inter jogou assim com o interino Pablo Fernandez contra o próprio Ju e na Argentina. Eduardo Coudet também chegou a usar o 4-2-3-1 em alguns jogos do Brasileirão.
Time base do Juventude de Roger
Dentro do mesmo esquema 4-2-3-1, Roger Machado mantém algumas estruturas ao longo do trabalho. Uma delas é ter volantes de chegada ao ataque. Dessa forma é difícil que uma dupla formada por Rômulo e Bruno Gomes, usada por Pablo Fernandez , ganha sequência com o novo treinador. Nomes como Aránguiz e Bruno Henrique são os mais cotados para ser esse segundo homem de chegada à área rival. Thiago Maia é alternativa para fazer essa função, embora tenha vivido seu melhor momento no Flamengo como primeiro homem.
Protagonismo para o camisa 10
À frente da dupla de volantes, Roger Machado gosta de ter um meia como homem central da linha de três atrás do centroavante. Nessa linha de três, pelo menos um dos jogadores é um extrema que busca jogar aberto para dar amplitude no setor. Em alguns times, seus dois pontas faziam esse papel. No Juventude era diferente, Lucas Barbosa iniciava pela direita, mas fazia um movimento diagonal para dentro, gerando o corredor para o lateral João Lucas.
O camisa 10 tem protagonismo nas equipes de Roger. Foi assim com Douglas no Grêmio de 2015 e no Palmeiras de 2018 com Lucas Lima, por exemplo. No Juventude, Nenê e Jean Carlos se revezavam nessa função. Muitas vezes, o centroavante de Roger recua para se apresentar como opção de apoio para receber passes e esse meia central precisa atacar a última linha. Essas funções do camisa 10 que Roger usa em suas equipess devem potencializar Alan Patrick, que seguirá tendo liberdade para circular pelo ataque e armar o jogo. O jogador, no entanto, deverá receber também a missão de atacar a linha defensiva do adversário.
Dúvida sobre Borré e Valencia
A dúvida que se cria em relação ao setor ofensivo do Inter é como Roger Machado irá encaixar Borré e Valencia juntos. Isso porque os dois jogadores atuam preferencialmente pela faixa central do ataque e, teoricamente, brigam pela vaga de centroavante dentro do 4-2-3-1.
Valencia atuou como extrema no começo da carreira, mas vem nos últimos anos jogando centralizado. Em sua estreia pelo Inter, no ano passado, o equatoriano foi escalado por Mano Menezes como extrema e reconheceu semanas depois, em entrevista a Zero Hora, que achou estranha opção do treinador.
— Foi um pouco estranho, dizendo agora, a minha estreia no Inter em uma posição que fazia sete ou oito anos que não jogava. O time precisava de mim para ajudar, então tentei fazer o melhor que podia, mas não estava cômodo — admitiu o equatoriano.
Borré já foi deslocado para o lado do campo ao longo da carreira, mas não jogando como um extrema. Analista tático do Diário Olé, Vicente Muglia acompanhou a trajetória do colombiano no River Plate. Ele ressaltou à Zero Hora que Borré pode ser esse jogador que parte do lado do campo, mas sem ser o extrema que dá a chamada amplitude pelo lado.
— Borré pode jogar de fora para dentro, de segundo atacante, e pode entrar na área, não estar, mas Borré não é extrema. Borré é um jogador que faz muitos bons movimentos de desmarques, de diagonais de fora para dentro. Ele pode começar por fora, mas não para ser o cara de lado — analisou.
Com questão ainda físicas e de confiança do elenco para recuperar, Roger Machado tem um modelo tático conhecido que tentará implementar no Inter. A ver se o treinador conseguirá repetir no Beira-Rio a consistência de time que obteve no Juventude. A primeira amostragem será vista diante do Botafogo neste sábado (20), às 18h30min, no Nilton Santos.