As marcas nas paredes mostram o quanto o Beira-Rio ficou submerso com a enchente que assolou o RS em maio. Mas a grama de inverno replantada, com o verde característico, aponta para o retorno do Inter para sua casa em breve. Até julho. Em um mês, os colorados reencontrarão o time no Gigante, em recuperação do estádio que envolve investimento milionário e 600 trabalhadores atuando em três turnos (e até quatro, quando necessário).
Ainda em junho, existe a chance de que o Inter use o estádio para treinar. Sem a necessidade de abrir os portões, seria necessário só recuperar os vestiários e oferecer toda a estrutura. E mesmo se não estiver tudo 100%, será possível começar uma readaptação.
As estruturas do estádio estão sendo recuperadas. Há água e luz, as instalações como vestiários, salas de entrevista, museu e corredores passam pela fase final da limpeza. O maior problema foi no equipamento eletrônico. Cabos, máquinas da zona mista e catracas passaram por reavaliação e alguns itens precisam ser trocados. Há análise do sistema de som e vídeo do estádio. A água chegou a 80cm dentro do estádio, e ficou na segunda fileira de cadeiras.
Com tudo isso, o Inter começou projetando o retorno para setembro. Depois, com o andamento da limpeza e da reconstrução, baixou para agosto. Mas agora, a expectativa é mais otimista. Segundo o vice-presidente Victor Grunberg, Inter e Beira-Rio estarão juntos em julho. Ainda sem dia específico, mas com boas perspectivas.
O mês apresentará duas datas-chave para o time. Em 3 de julho, o Inter mandará o jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil contra o Juventude. E no dia 24, recebe o Rosario Central na partida de volta do playoff da Copa Sul-Americana. No melhor cenário, Eduardo Coudet terá sua casa preferencial já na competição nacional. Na continental, é tratado como certeza.
— Não consigo precisar a data. O pessoal até me olha, porque cobro bastante, mas tenho certeza que em julho vamos estar em casa — declarou Grunberg.
E será 100% do Beira-Rio. A ideia de usar apenas parte do estádio, no caso a superior, menos danificada, ficou para trás. O estádio deverá estar todo recuperado, de acordo com Paulo Pinheiro CEO da BRIO, empresa que administra parte do estádio.
— Talvez nem todos os bares estejam abertos, vai depender dos proprietários. Ou tenhamos alguma restrição de portões. Mas queremos usar todo o espaço para contemplar os associados — disse Pinheiro.
O museu do Inter também sofreu danos, mas não na coleção permanente, que fica no segundo andar. Não houve saques ao patrimônio, até pela contratação de serviço de segurança por parte do clube.
Como fica o Parque Gigante?
A situação do CT é diferente. O Parque Gigante foi completamente tomado pelas águas. Ainda há lama nos campos. E a reconstrução dos prédios foi iniciada na semana passada, com expectativa de conclusão para três meses.
O prejuízo continua com estimativa de R$ 35 milhões, mas os cálculos ainda não foram finalizados. Boa parte disso, porém, está segurado. Especialmente no Beira-Rio. O estádio conta com um contrato diferente e, nas palavras de Grunberg, "bastante robusto". O clube deverá pagar a reforma e ser ressarcido pela seguradora, como costuma ocorrer nesses casos.
No CT, o caso é mais complicado. Por ser localizado em área de alagamento mais frequente, não tem a mesma apólice. Para o Parque Gigante, o Inter deve desembolsar valor superior. No estádio, a BRIO está negociando com os comerciantes de bares algumas condições especiais de pagamento de mensalidades e alugueis. O quadro social viu crescer o número de inadimplentes sem os jogos, mas Grunberg está otimista de que isso também seja retomado em breve, conforme o Beira-Rio volte a ser utilizado.