A direção do Inter apresentou, nesta segunda-feira (17) à noite, ao Conselho Deliberativo um plano de debêntures, promessa de campanha do presidente Alessandro Barcellos. A iniciativa, inédita no futebol brasileiro, prevê a arrecadação de R$ 200 milhões com a emissão de títulos no mercado e tem como objetivo mudar o perfil da dívida do clube. A proposta ainda precisa ser analisada e aprovada pelos conselheiros.
A direção afirma já ter captado R$ 100 milhões. Conforme apresentado, o valor obtido com investidores permitirá que alguns débitos de curto prazo sejam quitados de forma imediata. Como consequência, o clube passaria a dever ao investidor, porém, com um prazo de pagamento maior e uma taxa de juros menor ao dos débitos atuais. No total, a dívida do Inter está hoje na casa dos R$ 600 milhões.
A ideia da gestão era colocar o "plano de debêntures" em votação no Conselho ao final de julho. No entanto, conselheiros de oposição sugeriram a criação de uma comissão para analisar a proposta, assim como o endividamento do clube como um todo. A mesa-diretora ficou de analisar os temas e ainda não estabeleceu uma data para definir as duas questões.
O plano de debêntures foi elaborado pela direção com assessoria da empresa Araújo Fontes e terá parceria do banco BMG. Para atrair investidores, o clube planeja oferecer uma remuneração superior a de títulos de renda fixa no mercado, mas com juros inferiores aos das dívidas atuais, algumas com prazo curto de pagamento. Os objetivos serão reduzir o gasto anual do clube com juros bancários e, ao mesmo tempo, melhorar o perfil da dívida, "alongando" o prazo de quitação e dando mais fôlego ao caixa.
Na mesma reunião, a direção informou aos conselheiros que o déficit do Inter nos primeiros quatro meses de 2024 foi de R$ 98,6 milhões, valor R$ 30,9 milhões maior do que havia sido orçado para o período. Isso significa que, para cumprir o orçamento, a direção terá que arrecadar mais ou gastar menos do que o previsto no restante do ano. Os números foram bastante criticados pela oposição. Segundo os dirigentes, boa parte deste valor corresponde a gastos que acabaram ocorrendo antes do previsto e que serão "dissipados" ao longo do ano.
Além disso, o clube estima um prejuízo de R$ 31 milhões por conta da enchente. Estão incluídos neste valor os gastos com os reparos necessários no Beira-Rio e no CT do Parque Gigante e os custos extras com viagens, hospedagens e locação de estádios, em virtude do período em que o Inter terá que mandar jogos fora de casa. Como se trata de uma situação ainda em andamento, o valor ainda pode sofrer alterações. Esta cifra não está incluída no déficit de R$ 98,5 milhões, que corresponde ao período de janeiro a abril.