Reeleito presidente do Inter com a vitória sobre Roberto Melo no final de semana, Alessandro Barcellos tem muitos desafios para seu novo mandato. Mas todos eles convergem em atingir o objetivo que está nos pedidos dos colorados: títulos para o próximo triênio. E para formar um time competitivo para alcançar essa meta, a diretoria trabalha com o aumento da capacidade de investimentos para o futebol, que tem entre as estratégias a criação de um fundo que visa arrecadar até R$ 200 milhões. O fundo de investimento, um projeto que vem sendo desenvolvido desde o ano passado, estará registado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Na prática, o Inter tentará reduzir sua dívida bancária atraindo investidores com a oferta de ganhos acima do mercado. Títulos de renda fixa, por exemplo, têm remuneração aproximada à taxa Selic, hoje em 12,25%. O que o Inter procurará fazer será oferecer algo um pouco maior do que isso como atrativo, mas ainda assim vantajosos para o clube por serem abaixo do que atualmente é pago.
— Os clubes no Brasil captam dinheiro no mercado a custos muito altos. Olhando o demonstrativo financeiro a gente percebe valores de R$ 60 milhõs, R$ 70 milhões, R$ 80 milhões que o Inter paga por ano com despesas financeiras. O que é isso basicamente? É o custo de sustentar a dívida do clube. A gente entende que pode chegar ao fornecedor oferecendo a ele uma taxa de juros melhor do que ele obtém de um jeito tradicional, mas que será muito menor do que pagamos hoje — explica o vice-presidente eleito Dalton Schmitt Junior.
Publicamente, o Inter não detalha o percentual que será oferecido aos investidores e também evita estipular quanto o clube poderá aumentar a sua capacidade de investimento. O balanço financeiro colorado mostra que no ano passado foram gastos R$ 79 milhões com despesas bancárias, juros e multas sobre dívidas. O fundo pretende diminuir significativamente esse valor com a captação de recursos, trocando, assim, dívida mais cara por dívida mais barata.
Em um cenário hipotético em que o clube consiga reduzir esse custo de acesso ao capital pela metade, sobrariam quase R$ 40 milhões por ano para custeio do futebol e investimento. Em resumo, dinheiro que pode ser investido em contratações ou salários de jogadores.
O Inter pretende lançar o fundo de investimento no primeiro trimestre de 2024. O objetivo será arrecadar até R$ 200 milhões. Inicialmente, a ideia é de que no lançamento já esteja garantido até metade desse valor.
— Queremos quando lançar termos de R$ 50 a R$ 100 milhões garantidos por instituições do mercado. A partir disso ter o trabalho de buscar os demais investidores. Vamos fazer um processo transparente para buscar outros investidores, mostrar como funciona, para tentar chegar ao valor total — ressalta Dalton Schmitt Junior.
Inter deve investir quase R$ 50 milhões em reforços
Além do fundo, o Inter conta como trunfo para aumentar os investimentos o novo acordo de venda de direitos do Brasileirão com a adesão à Liga Forte Futebol (LFF). O clube recebeu no segundo semestre deste ano R$ 109 milhões de um total de R$ 218 milhões que foram oferecidos ao clube pela LFF. No acordo, o clube cedeu 20% dos seus direitos comerciais sobre o Campeonato Brasileiro pelos próximos 50 anos, a partir de 2025.
Os próximos depósitos ocorrerão em 2024. Divididos em duas partes: 25% no 12° mês após o acerto firmado com a LFF, mais 25% no 18° mês após o acordo ter sido concretizado. O Inter assinou o contrato com a Liga Forte em julho deste ano após aprovação do Conselho Deliberativo. De acordo com Barcellos, à época da aprovação da adesão à Liga, a ideia do clube é usar a maior parte dos recursos para pagar dívidas bancárias e, assim que diminuir despesas com juros, ganhar fôlego para operações de maior valor no futebol, mesmo que parceladas.
No orçamento para a temporada 2024, que será apreciado pelo Conselho Deliberativo na semana que vem, a direção pretende destinar entre 8 e 9 milhões de euros (R$ 42,4 milhões a R$ 47,7 milhões na cotação atual) para reforçar o elenco. Esses valores dizem respeito a apenas à compra de percentuais de jogadores ou o pagamento de empréstimos.
A folha salarial do Inter também deve ser maior do que em 2023. A ideia da direção é elevar o valor em cerca de R$ 40 milhões anuais com salários e direitos de imagem. Assim, somado ao orçamento para contratações, o investimento com o futebol na próxima temporada poderá atingir cifras entre R$ 80 milhões e R$ 90 milhões.