Em vez da gritaria de Eduardo Coudet, a elegância de Lucho González. Os colorados que forem ao Beira-Rio nesta quarta-feira verão outro perfil de comandante no time que enfrenta o Brasil de Pelotas a partir das 21h30min, pela oitava rodada do Gauchão. Com a suspensão do treinador, a equipe será orientada pelo auxiliar. Que é dono de uma marca impressionante.
Segundo levantamento do jornal Olé, Lucho só perde para Lionel Messi em número de títulos entre todos os jogadores argentinos da história. Foram 29 em sua carreira, distribuídos entre Huracán, River Plate, Porto, Olympique de Marselha, Al Rayyan e Athletico-PR. No clube paranaense, aliás, o meia de peito estufado, dedicação, talento e chutes certeiros de fora da área deu lugar a um estudioso observador do esporte, que passou a gerir grupos.
Ele saiu dos gramados para ser auxiliar. E a repórter Monique Vilela, setorista do clube, acompanhou essa transição:
— Como tinha acabado de parar de jogar, tinha muita proximidade com os atletas. Então conhecia o perfil de cada um e sabia o que extrair de todos. Ele tem muito espírito de liderança natural. É um líder de perfil calmo, porém efetivo. Gosta de time competitivo, que mantenha o padrão de jogo dentro e fora de casa.
Bem parecido com Coudet. Aliás, ele é uma peça importante na comissão técnica colorada. E nem é tanto por sua experiência internacional e pelas tantas voltas olímpicas que já deu. Lucho tem ótimo trânsito no vestiário e tem prestígio com seu ex-companheiro de River Plate. É entre os dois a conversa na casamata antes de qualquer substituição no time. Diversas vezes, o auxiliar passa instruções ao jogador que vai entrar, para que o treinador siga concentrado na partida.
A relação entre Coudet e Lucho é antiga. Quando o atual auxiliar (seis anos mais jovem do que o técnico) era seu parceiro no meio-campo do River em 2004, os dois protagonizaram uma cena que já faz parte do anedotário do futebol argentino. Antes de um clássico contra o Boca na Bombonera, Coudet quis atirar um foguete, mas o artefato explodiu no sentido contrário, dentro do ônibus do River.
A curiosidade é que o Inter sempre quis Lucho. Por muitos anos, a cada janela de transferência aberta, seu nome voltava à pauta. Mas ele acabou sendo feliz no Beira-Rio usando outra camisa. Na casa colorada, conquistou a Copa do Brasil pelo Athletico-PR.
Mas também já se deu mal no estádio. Em sua experiência como treinador do Ceará, foi demitido após uma derrota para o Inter, por 2 a 1, no Brasileirão de 2022.
Contra o Brasil de Pelotas, fará seu segundo jogo como técnico colorado. No ano passado, comandou a equipe no empate em 0 a 0 com o Flamengo, no Maracanã. Coudet havia levado três cartões amarelos e precisou cumprir suspensão.
Lucho está na lista de futuros técnicos. É um estudioso, com licenças da CBF e da AFA (a Associação Argentina). Segue pavimentando seu caminho. Nesta noite, será uma atração a mais para um time que busca se manter na liderança do Gauchão em mais uma rodada.