Por mais que recém seja pela quarta rodada do Gauchão, o duelo com o Guarany-Ba, em Bagé, pode significar uma marca relevante. Se terminar o jogo desta quarta-feira sem levar gols, o Inter de 2024 deixará para trás a equipe de 1988 e terá, isoladamente, a segunda maior marca do clube em um começo de Estadual. O recorde é de 1987, com nove.
A consistência defensiva tem sido uma característica do time de Eduardo Coudet. Nesse começo de Gauchão, foram permitidos apenas quatro chutes na direção do gol, em 270 minutos. Chances claras cedidas, a rigor, foram duas do Avenida (ambas por cima) e uma do São Luiz (em cabeçada após jogada aérea em cobrança de falta). Para efeito de comparação, enquanto o Inter levou apenas quatro finalizações certas, os outros dois times do Gauchão que disputam a Série A nacional levaram o triplo ou mais: foram 12 do Juventude e 14 do Grêmio.
Entre todos os times da competição, só o gol colorado ainda não foi vazado, nos 45 minutos de Ivan e nos 225 de Anthoni no Estadual. E isso, segundo Coudet, não tem a ver apenas com o goleiro:
— O Anthoni jogou duas e foi bem. Não tomou gol. Na verdade, o time não levou. É um trabalho defensivo do bloco.
Sobre o goleiro, Coudet ainda pretende fazer mais observações antes de definir se o clube precisará buscar outro nome para ser alternativa a Rochet. A lesão de Ivan deixou uma interrogação no planejamento colorado. Como foi pouco testado, o treinador esperará um pouco mais.
Além do desempenho da defesa, Coudet elogiou o comprometimento do time todo. O argentino insiste que a marcação envolve também atacantes e meias e que a pressão desde o campo do adversário ajuda a reduzir os problemas lá atrás. Assim, pôde rodar também o time na defesa: já atuaram Bustos e Mallo na lateral direita, Renê e De Pena na esquerda, mais Vitão, Robert Renan, Mercado e Igor Gomes no quarteto defensivo. O importante, segundo ele, é que haja participação integral do grupo.
Essa consciência coletiva é apontada como causa das outras marcas coloradas, obtidas na década de 1980 do século passado. E quem faz essa observação é o capitão daquele time, o ex-lateral-direito Luiz Carlos Winck.
— A gente era unido e trabalhava bastante, um time bem treinado. Tínhamos uma leitura de campo, éramos consistentes defensivamente e tínhamos um coletivo muito bom. Isso não muda, o futebol é coletivo sempre — diz o histórico jogador colorado, hoje técnico em Goiás.
Outro aspecto apontado é a inteligência dos jogadores, bem como a capacidade de concentração.
— É fundamental para o atleta falar, ficar atento, não depender apenas das orientações do técnico. Tem de saber tomar decisões, ficar concentrado. Uma equipe que fala muito corre menos — resume Winck.
Em 1988, o Inter venceu o Passo Fundo por 1 a 0, depois fez 2 a 0 no Brasil de Pelotas e fechou o terceiro jogo ganhando do Lajeadense por 2 a 0. Na quarta partida, perdeu para o Caxias, quando a defesa levou 1 a 0 do Caxias no Centenário. No ano anterior, a defesa permaneceu inviolada contra Passo Fundo, Pelotas, Lajeadense, Juventude, Santa Cruz, Esportivo, Novo Hamburgo, Brasil de Pelotas e Caxias, até perder para o São Paulo, em Rio Grande, por 2 a 1. Para quebrar esse recorde, o time de 2024 terá de ficar sem levar gol até a 10ª rodada. Justamente o Gre-Nal. Para chegar lá, porém, há o único bicampeão do Interior pela frente, em um Estrela D'Alva que promete estar lotado para apoiar o Guarany.