Contra o Palmeiras, Eduardo Coudet completou um turno à frente do Inter no Brasileirão. Os números crus não são animadores: em 19 rodadas, o time teve 37% de aproveitamento. O índice é o mesmo do primeiro rebaixado. No contexto, a situação é um pouco menos pior, mas ainda assim preocupante. Apesar de ter tido a Libertadores ao alcance, o desempenho na competição nacional foi inferior ao esperado.
Coudet mesmo falou sobre isso após a derrota para o Palmeiras na noite de sábado. Segundo ele, a aposta no torneio continental cobrou o preço:
— Falei ao presidente (Alessandro Barcellos) que se não desse certo, o final do Brasileirão seria difícil. Ele disse que estava disposto. Estivemos muito perto do objetivo, mas agora estamos assim.
A curiosidade é que os números do Inter pós-eliminação são os melhores do time no Brasileirão com Coudet. Desde a queda para o Flu, foram nove jogos e 52% de aproveitamento. É o período em que ocorreram a goleada histórica sobre o Santos (7 a 1) e a vitória com boa atuação no Gre-Nal, além dos seis pontos conquistados fora de casa contra Vasco e Cruzeiro.
Assim, a depressão após a eliminação não se justifica plenamente. O problema começou a aparecer, de fato, depois da derrota para o Coritiba em casa. Antes daquela partida, ainda havia esperança de obter uma vaga na Libertadores de 2024 pelo Brasileirão. Mas o 4 a 3, marcado pela expulsão de Vitão logo nos primeiros minutos, sepultou as chances. E tirou do Inter algum objetivo concreto. E quando a zona de rebaixamento se aproximou, o time voltou a vencer, caso do duelo com o Cruzeiro, no Mineirão.
É mais aceitável a versão de que, ao mesmo tempo que tem um time titular que o leva à semifinal da Libertadores, falta grupo para segurar os momentos mais difíceis. Com titulares, o Inter soma 42% de aproveitamento. Quando usou time misto ou reserva, ganhou apenas uma vez e empatou duas, em sete confrontos.
A queda de qualidade do time quando não estão os titulares e a questão física, que acompanha a equipe desde o começo da temporada, pesam para esse mau desempenho do Inter. E mantêm o clube alerta na reta final.
O risco do Z-4 ainda está lá. O time soma 43 pontos, tendo 12 por disputar até o final. Segundo o Departamento de Matemática da UFMG, essa pontuação causa rebaixamento em 63% dos cenários. Mas se conseguir mais um empate, o time vê o risco cair para 38%. E se ganhar mais um jogo, estará livre.
Para chegar à Copa Sul-Americana, o cálculo aponta para 47 pontos como possivelmente suficientes. A partir de 50 pontos, é certeza de classificação.
Ou seja, se mantiver os índices pós-Libertadores (de conquistar metade dos pontos disputados), o Inter escapará sem maiores sustos e confirmará vaga na Sul-Americana. E se repetir os números gerais de Coudet, não cairá, mas corre risco de terminar o ano no limbo — e sem lugar nas competições fora do Brasil em 2023, recebendo 15,2 milhões, a menor das premiações possíveis no Brasileirão.
Uma tremenda frustração para uma torcida que alimentou as mais diversas esperanças no ano.
Coudet no Brasileirão
- 19 jogos
- 5 vitórias
- 6 empates
- 8 derrotas
- 25 gols pró
- 26 gols contra
- -1 gol de saldo
- 37% aproveitamento
Coudet com titulares no Brasileirão
- 12 jogos
- 4 vitórias
- 4 empates
- 4 derrotas
- 20 gols pró
- 18 gols contra
- 2 gols de saldo
- 44% aproveitamento
Coudet pós-Libertadores
- 9 jogos
- 4 vitórias
- 2 empates
- 3 derrotas
- 18 gols pró
- 13 gols contra
- 5 gols de saldo
- 52% aproveitamento