No ano passado, o colorado saía para ir ao Beira-Rio e carregava consigo a confiança de que ao voltar traria junto um bom resultado. Em 2023, quando se encaminha para a Avenida Padre Cacique, leva junto a incerteza se estará feliz no retorno. O desempenho cem casa despencou de uma temporada para outra. Do melhor índice para um retrospecto de segunda página da tabela de classificação. A dois jogos como mandante do fim do ano, o Inter conquistou somente 51% dos pontos que disputou diante de sua torcida no Brasileirão.
A campanha ajuda a explicar por que uma vaga à Libertadores ficou inalcançável, por que a Sul-Americana ainda não é uma certeza e por que ainda existe o risco (remoto) de rebaixamento. Tudo graças ao 13º retrospecto como mandante do campeonato. Entre os que estão piores do que o Inter dentro de casa, somente o Cuiabá está à frente na classificação geral. As sete vitórias, cinco empates e cinco derrotas se configuram na pior campanha da história do Beira-Rio desde que os pontos corridos passaram a ter 20 clubes, em 2006.
A pior em números foi na temporada 2013, quando somou apenas 49,1% dos pontos. Naquele, ano porém, o estádio colorado estava em reforma, e os jogos foram disputados no Centenário, em Caxias do Sul, e no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo. Até mesmo em 2016, temporada do rebaixamento, o desempenho foi melhor. Naquele ano, 56,1% dos pontos disputados como mandante foram conquistados.
No ano passado, o Inter viveu situação diferente. Teve o melhor desempenho como dono de casa, com 77,2%. Ainda assim, foi apenas a quarta melhor campanha do Inter no Beira-Rio. Em 2018 (80,7%), 2014 e 2015 (78,9%) foram edições com os maiores indicadores.
— Nos sentimos melhor jogando em casa — ressaltou o técnico Eduardo Coudet, após o empate em 2 a 2 com o Fluminense, no jogo de ida das semifinais da Libertadores.
Dentro do contexto do ano, a eliminação deu continuidade aos fracassos diante dos colorados. A questão não é apenas quantitativa. Também é qualitativa. A queda no Gauchão foi em casa para o Caxias. A eliminação nas oitavas de final da Copa do Brasil foi no Beira-Rio para o, hoje, rebaixado América-MG. O adeus ao sonho do tri da Libertadores foi no mesmo endereço.
O estádio ainda ruge, mas os resultados miam. A média de público do clube no Brasileirão é superior a 27 mil pessoas. Nas temporadas recentes com público, abaixo apenas da de 2019.
Na campanha do vice-campeonato brasileiro do ano passado, o time somou 44 dos seus 73 pontos em casa, o que representou 60% da pontuação total. Agora, apenas metade dos 46 pontos foram somados no Gigante.
A insatisfação com a queda no aproveitamento no decorrer do ano foi tão grande que antes de uma série de quatro partidas como visitante, em maio, o então técnico Mano Menezes viu com bons olhos a sequência longe de Porto Alegre.
— Às vezes, em um momento de tanta dificuldade, que o ambiente já passa a ser pesado, jogar fora pode até ser um alento para a equipe voltar a vencer fora — comentou, após a derrota para o Athletico-PR.
Ainda há esperança de se livrar do pior desempenho da história do Beira-Rio. Restam dois jogos em casa, contra Bragantino e Botafogo. Se vencer o par de compromissos, a equipe colorada fechará a competição com um aproveitamento de 56% no Beira-Rio. O suficiente para se livrar do rótulo de pior campanha da história do Beira-Rio, de evitar a queda e, possivelmente, conseguir uma vaga na Copa Sul-Americana. Mas pouco para aqueles que saem de casa em direção à Avenida Padre Cacique para torcer.
Aproveitamento em casa desde 2006
- 2023: 51% (13º lugar)
- 2022: 77,2% (1º)
- 2021: 71,9% (12º)
- 2020: 53,6% (12º)
- 2019: 68,4% (6º)
- 2018: 80,7% (2º)
- 2016: 56,1% (13º)
- 2015: 78,9% (4º)
- 2014: 78,9% (2º)
- 2013: 49,1% (15º)*
- 2012: 54,4% (13º)
- 2011: 63,2% (6º)
- 2010: 59,6% (9º)
- 2009: 70,2% (3º)
- 2008: 65,4% (5º)
- 2007: 66,7% (5º)
- 2006: 63,2% (7º)
*Com o Beira-Rio em obras, mandou jogos no Centenário e no Estádio do Vale