Nesta terça-feira (7), 338 conselheiros do Inter votarão no primeiro turno das eleições à presidência. A votação ocorrerá entre 19h e 21h, no Estádio Beira-Rio. Concorrem o atual presidente Alessandro Barcellos e o oposicionista Roberto Melo. O eleito comandará o clube pelos próximos três anos.
O pleito será definido caso um dos candidatos obtenha mais de 85% dos votos dos conselheiros. Se houver a necessidade de um segundo turno, ele contará coma votação dos associados em 9 de dezembro.
GZH enviou cinco perguntas sobre tópicos essências para o futuro colorado para cada um dos candidatos. A seguir, confira as respostas de Alessandro Barcellos enviadas à reportagem. Aqui você pode ler as respostas de Roberto Melo.
Por que o senhor quer ser presidente do Inter?
"Porque a nossa obra está incompleta. Em 2021, o sócio colorado iniciou um novo ciclo de gestão, e nestes três anos fizemos um enorme esforço para arrumar a casa, interromper o crescimento da dívida, herdamos a maior da história, e colocar o clube num novo caminho de crescimento e vitórias. Tenho uma dívida com o torcedor. A pandemia atrasou um pouco os nossos planos, demoramos a encontrar nosso modelo dentro e fora de campo, mas agora vamos em frente para fazer aquilo que ainda não foi feito: voltar a vencer títulos relevantes. Agora podemos sonhar alto se mantivermos o caminho que traçamos ao lado do sócio neste primeiro mandato. O Inter é um todo e esse todo está avançando. Hoje o clube já é outro, mais forte e pujante, e nos próximos três anos será ainda maior e melhor. É para completar este trabalho, ao lado de um conselho de gestão plural e conectado ao torcedor, que quero ser presidente. Não fizemos tudo, mas fizemos muito. Não é hora de retroceder, queremos ir e, frente. Pelo Inter e pela torcida."
Agora podemos sonhar alto se mantivermos o caminho que traçamos ao lado do sócio neste primeiro mandato. O Inter é um todo e esse todo está avançando."
É possível gerar novas receitas e reduzir a dívida do clube?
"Nossa gestão em janeiro de 2021 recebeu a maior dívida da história do clube para gerir. E essa dívida teve dois agravantes. Primeiro, era o esgotamento da capacidade de endividamento adicional do clube, pois todos os limites de financiamento foram utilizados em gestões anteriores e o clube estava sufocado. A segunda foi que por força da pandemia e da crise global, o custo financeiro passou a ser quase sete vezes maior durante a nossa gestão (foi de 2% ao ano em janeiro de 2021 para 13,75% ao ano em junho de 2023). Ou seja, fazer a mesma coisa que vinha sendo feita há décadas não era mais possível ou desejável.
Conseguimos estancar o crescimento da dívida durante nosso primeiro ciclo de gestão, o que foi um grande feito. A partir de agora, vamos dar novos passos. Durante nossa gestão, criamos toda plataforma para novas receitas e uma redução substantiva do endividamento do clube. Para ser concreto, vamos citar cinco ações centrais:
- Lideramos a formação dos blocos comerciais dos direitos de televisão, que irão aportar centenas de milhões de reais adicionais nos próximos anos;
- Montamos e estamos em fase final de lançar um fundo de financiamento (debentures) para, através de investidores, reduzir e mudar o perfil do nosso endividamento;
- Estamos estruturando a ideia inovadora de um fundo voltado a aglutinar todos os espaços do complexo Beira-Rio e captar recursos lastreado em toda a atividade de entretenimento que ali já existe ou possa ser desenvolvida;
- Lançamos o projeto digital Mundo Colorado que, com sua nova versão a ser lançada em 2024, associada a termos alcançado o recorde histórico de quantidade de sócios no mês de outubro, vamos impulsionar as receitas com nossos sócios e torcedores;
- Avançamos em tratativas para um novo modelo que potencialize o entorno sul do Complexo Beira Rio, que deverá aportar valores substantivos no novo ciclo.
A soma desses cinco projetos ao longo de um ciclo de até cinco anos, iniciando imediatamente, deve representar uma entrada de recursos muito significativa, independentemente das receitas ordinárias que temos hoje ou da receita de venda de atletas. Dessa forma, pretendemos não só aumentar nossa potência de investimento no futebol como, ao mesmo tempo, consolidar o projeto de eficiência que temos operado e reduzir a dívida do clube nos próximos anos."
Qual a sua opinião sobre o Inter virar uma SAF?
"O Inter não pode enveredar pelo caminho de centrar a discussão de SAF a partir do protagonismo de um investidor ou mecenas. A discussão é de um modelo de investimento para o clube. Até onde vimos, o modelo personalista não tem gerado as melhores soluções a curto ou longo prazo, pois os interesses do clube ficam difusos ou lateralizados.
Nós sempre acreditamos que o caminho a ser percorrido tinha como primeira fase equilibrar a equação financeira e econômica do clube. Pegamos o clube em uma situação crítica, com dívida recorde, extremamente onerosa e sugando recursos do futebol e déficits recorrentes. Vimos exemplos no Brasil onde a busca de um investidor foi confundida com uma solução de emergência financeira. Sabedores disso e querendo proteger o clube, trabalhamos muito em eficiência e conseguimos agora ter uma estrutura adequada para o próximo ciclo, que nos dê a solidez necessária para passar para a próxima fase.
Mas nunca nos privamos de aprofundar o tema e nos preparar. Promovemos em 2022 um seminário interno trazendo especialistas para tratar do tema e entender suas alternativas, riscos e oportunidades. Nosso desejo é construir um formato onde o Inter continue comandando o futebol, mas compreendemos que para tanto temos que ter regras claras para que possamos atrair recursos e potencializar nosso futebol.
Agora entramos em uma nova fase, que tem como objetivo estabelecer qual o Modelo de Investimento do Inter, com um formato claro e regras de governança e gestão que protejam nosso clube, nossa cultura, nossa grandeza e todo nosso valor. Isso trará ao Inter uma condição de discussão de um modelo de um financiamento futuro próprio, onde o investidor ou investidores são parte de uma equação, e não protagonistas. E nada será feito sem profunda discussão com nossos conselheiros, nossos sócios e nossa torcida."
Quais suas propostas para as categorias de base e CT de Guaíba?
"As categorias de base sempre foram nossa prioridade. Contudo, encontramos um cenário pouco estruturado quando assumimos, tanto em processo metodológico, passando por captação, quanto em infraestrutura. Nossa primeira ação foi investir mais de R$ 3 milhões na reforma de todo o Centro de Treinamento das categorias de base no início da nossa gestão. Revisamos o processo metodológico, processo de prospecção, ampliamos a parte de observação (inicialmente com seis observadores regionais, passamos para 12), nos tornamos mais agressivos (na Copa SP, por exemplo, passamos de cinco observadores in loco para 13), dentre outros inúmeros exemplos de mudança. Temos hoje atletas nas seleções de base, e na equipe profissional temos 10 atletas no elenco. Nossa meta foi a de conseguir aportar 40% do nosso elenco profissional oriundo das categorias de base e potencializar quatro atletas na equipe profissional. Avançamos muito, mas não conseguimos chegar no ponto ideal. Nossa estratégia a partir de agora é potencializar os avanços que fizemos até agora em metodologia e avançar em dois pontos: maior potência nas diferentes dimensões (técnica, física, mental, tática) na última fase das categorias de base, como forma de encurtar o prazo de adaptação dos atletas na equipe profissional e aumentar a agressividade na captação de atletas de ponta, onde melhoramos qualitativamente, mas precisamos avançar quantitativamente.
Temos hoje atletas nas seleções de base, e na equipe profissional temos 10 atletas no elenco. Nossa meta foi a de conseguir aportar 40% do nosso elenco profissional oriundo das categorias de base e potencializar quatro atletas na equipe profissional."
Em relação ao CT Guaíba, ele é muito estratégico e por isso nos dedicamos tanto a avançar em diversos desafios técnicos e burocráticos necessários. Queríamos ter avançado mais, mas as condições financeiras não nos permitiram chegar um pouco mais adiante de onde estamos. Investimos recursos e tempo na elaboração de projetos executivos da Fase I do empreendimento e hoje temos finalizado o projeto arquitetônico executivo, o de sondagem Geotécnica, Viário e de Terraplanagem, de Drenagem do Terreno e Irrigação Campos, projeto de fundações, o estrutural, de climatização, Hidrossanitário, Elétrico, Projeto SPDA, PPCI, gás natural e estação de tratamento de esgoto, além da licença de instalação. Investimos nas contrapartidas necessárias e previstas nas Leis de Doação e estamos prontos para avançar para a fase de obras. Nossa estratégia tem sido buscar parceiros para esse empreendimento, projetado em R$ 80 milhões no formato que atenda as categorias de base."
É possível projetar aumento de recursos e mais jogos no Beira Rio para o time feminino?
"Essa gestão assumiu com o Inter investindo anualmente cerca de R$ 4 milhões por ano no futebol feminino, sendo a média anual entre 2018 e 2020 de 3,1 milhões. Nossa média anual nos últimos três anos foi de mais do que o dobro, acima de R$ 7 milhões, sendo que esse ano de 2023 alcançamos o recorde, superando R$ 8 milhões de investimento nessa categoria. A equipe feminina do Inter é uma das principais do futebol brasileiro e atualmente top 4 da América. Digo isso para deixar claro que temos aumentado continuadamente o investimento e sendo adequado para manter o Inter em alto padrão de competitividade. Quanto aos jogos no Beira-Rio, temos as restrições em relação aos jogos do futebol profissional, mas nossa estratégia sempre foi a de que em jogos de envergadura, o Beira-Rio deve ser a casa da equipe feminina."