O Inter esperava mais na estreia de Enner Valencia. Não só do equatoriano em si. Pouco acionado, a maior parte do tempo deslocado para a ponta direita, onde quase nunca atuou, quase nada pôde fazer. A equipe como um todo deveria ter feito muito mais na primeira partida de seu jogador mais badalado. No Maracanã, o time de Mano Menezes foi dominado pelo Fluminense, levou 2 a 0 no primeiro tempo, não teve forças para buscar o resultado e, agora, está na metade da tabela do Brasileirão, longe do G-6, após 14 rodadas.
Os primeiros 45 minutos foram, na avaliação do próprio técnico, os responsáveis pela derrota no Rio de Janeiro. A descrição de Mano sobre esse período do jogo foi:
— Fizemos um primeiro tempo muito ruim, não marcamos bem, não organizamos bem e não conseguimos ser ofensivos, apesar de ter três atacantes. Não fomos equilibrados. Fomos dominados a ponto de terminar sem concluir ao gol. No segundo, melhoramos um pouco, com mais um jogador no meio. Chegamos no último terço mais vezes. Mas não merecemos um resultado diferente.
Um dos capitães do time, Renê concordou com o treinador:
— Primeiro tempo foi muito abaixo, levamos dois gols e isso complicou tudo. No segundo até melhoramos, mas não conseguimos buscar o resultado. Às vezes nos preparamos para uma coisa e ocorre outra. Vamos nos ajeitando, mas tem dias que é só no vestiário. Precisamos colocar a mão na consciência para isso não se repetir.
A justificativa de Mano para o mau desempenho foi a ausência de Alan Patrick e Mauricio. Ele explicou que o cartão levado pelo camisa 10 na partida anterior, que o tirou do confronto com o Fluminense, se deu para não correr risco de ficar sem os dois meias criadores ao mesmo tempo. Exatamente o que acabou ocorrendo a partir da lesão de Mauricio no treino de sexta-feira.
— Entramos com alguns problemas bem prováveis, perdemos os dois jogadaores de construção e um terceiro jogador de meio (Johnny, que teve um mal estar) que me obrigou a fazer duas alterações. Ao colocar Campanharo, tentei adiantar Rômulo para fazer o corredor como Johnny costuma fazer. Mas não conseguimos. A partir da entrada de Aránguiz, melhoramos a saída de bola. Recuamos 10 vezes a bola para John no primeiro tempo. No segundo, a criação melhorou — disse o treinador.
Sobre Valencia, que atuou apenas na primeira etapa, Mano afirmou que ele ainda precisa de um tempo para se adaptar ao Brasil e também ao Inter. O técnico reconheceu que escalá-lo pela ponta direita não funcionou, e tentou mudar, deslocando-o para o centro depois dos 30 minutos:
— É uma chegada recente, quando vem de um lugar de onde ele veio, apesar de ser um grande jogador, vai passar por dificuldades iniciais de adaptação. Encontra um Felipe Melo, mais duro. Isso não depende da qualidade indiscutível que o Enner tem.
Será mais uma semana para Mano montar o time. A próxima partida será às 18h30min de domingo que vem, contra o Palmeiras, em casa. Alan Patrick deve voltar, mas Mauricio e Pedro Henrique ainda serão desfalque. Seja como for, o resumo de Mano sobre o jogo contra o Flu foi um recado para o futuro:
— Ganhar, perder e empatar são parte do jogo. O que não pode é jogar como no primeiro tempo.