
Eduardo Coudet começa a partir desta quinta (20) o seu trabalho no Inter e terá até desenvolvê-lo até dezembro. Mas de nada adianta olhar lá para frente caso não supere a missão agendada para daqui a 12 dias.
Com dois jogos pelo meio do caminho, é o tempo que ele terá para montar um time capaz de superar o River Plate nas oitavas da Libertadores. O primeiro jogo será em 1º de agosto no Monumental de Nuñez — o que dará a ele cerca de oito sessões de treinos, a primeira delas na tarde desta quinta-feira (20). A volta, no Beira-Rio, está programada para o dia 8.
Coudet recebe um time que não marca gols há três partidas. A seca reflete um problema que tem pontuado a temporada colorada. Em maio, os atacantes chegaram a ficar mais de sete horas sem balançar as redes. Somado individualmente o tempo sem marcar de cada um dos atacantes do elenco, se chegava ao período de 45 horas sem um golzinho, de acordo com levantamento do plantão da Rádio Gaúcha Marcos Bertoncello.
Os números mostram as razões para a seca. O Inter tem o terceiro pior ataque do Brasileirão, uma consequência de ser o terceiro time que menos finaliza, de acordo com dados do FootStats. Os motivos, entretanto, vão além das estatísticas.
— A questão vai além dos números. O time ficou muito estático na fase ofensiva. Não gera oportunidades, não cria vantagem. Será preciso aumentar o volume ofensivo para dar oportunidades para o Enner Valencia brilhar. O Coudet organiza bem isso, baseado na pressão alta — avalia Gabriel Corrêa, analista da plataforma Footure.
A marcação aplicada por Coudet, na visão de Corrêa, estará intimamente ligada a uma possível maior produção ofensiva. O argentino adota uma estratégia defensiva mais intensa, com um grande número de jogadores marcando no campo do adversário, o que permite roubar a bola nas redondezas da grande área do oponente. Mano Menezes optava por um posicionamento mais recuado na hora de defender.
Outra modificação será no esquema tático. Durante o período em que esteve no Beira-Rio, Mano montou o time, predominantemente, no 4-2-3-1, com modificações nas características dos jogadores que formavam, principalmente, a linha de três jogadores atrás do centroavante. Coudet prefere o sistema 4-1-3-2, modelo adotado em sua primeira passagem.
Uma peculiaridade une as duas passagens do argentino pelo Inter. Assim como agora, a Libertadores estava no horizonte próximo. Em 2020, Coudet precisou encarar duas fases da pré-Libertadores no começo do seu trabalho. Na tentativa de minimizar os riscos de eliminação precoce, montou uma formação que tinha Musto, volante indicado por ele, e Rodrigo Lindoso juntos, o que gerou muitas críticas por parte da imprensa.
A diferença é que, há três anos, ele teve quatro jogos pelo Gauchão antes de entrar no torneio internacional. Desta vez, serão apenas 12 dias até enfrentar o River, com jogos contra Bragantino e Cuiabá pelo Brasileirão antes do primeiro confronto.