A campanha do Inter é de meio de tabela, mas o ataque é de zona de rebaixamento. Nas 14 primeiras rodadas do Brasileirão, o time de Mano Menezes ocupa as quatro últimas posições em todos os quesitos de análise de força ofensiva no Brasileirão. Em um levantamento feito pelo Sofascore, um portal especializado em estatísticas de diversos esportes no mundo, a equipe está no Z-4 em termos de produção e até execução. Não à toa, é o único entre os 12 primeiros colocados que tem saldo de gols negativo.
Os números são claros: na Série A, nenhum dos 19 adversários acertou menos o alvo do que o Inter. Grosso modo, o time conclui na direção certa uma vez a cada meia hora. Fruto das tentativas. Porque até nisso, finalizações (independentemente de onde vai parar a bola), a equipe também deixa a desejar: só o Santos conclui menos. Os comandados de Mano Menezes também estão no Z-4 em gols marcados (empatado com Cuiabá, à frente de Corinthians e Vasco) e em grandes chances de gol (à frente de Coritiba, Corinthians e Cuiabá).
O goleador colorado no Brasileirão é Wanderson, que marcou três vezes. Mauricio e Johnny têm dois cada. Completam a lista: Luiz Adriano, Rômulo, Pedro Henrique, De Pena, Jean Dias e Alemão, todos com um. Enner Valencia, em tese, ajudaria a resolver esse problema, mas em seus primeiros 45 minutos, disputados no domingo passado (9), o equatoriano atuou, na maior parte do tempo, deslocado para a ponta direita, uma função que prejudicou seu poder de fogo. Mano Menezes falou sobre essa adaptação:
— Vamos fazer como fizemos com os outros para logo termos numa condição ideal. Aí, sim, vamos ver que opção tática será melhor para a equipe.
A pouca produtividade ofensiva não é novidade. Em junho, uma reportagem de GZH baseada em scouts produzidos pelo Footure, um serviço de consultoria no futebol, já havia apontado que os resultados do Inter não condiziam com o desempenho. A equipe tinha somado quatro pontos a mais do que as projeções indicavam, pelo que criava e permitia aos adversários nas partidas.
O desempenho de 2023 contrasta com o de 2022. No ano passado, Mano Menezes comandou o time vice-campeão que teve o quarto melhor ataque do Brasileirão, com 58 gols. Foi o nono em finalizações e o quinto nas que foram na direção do gol, o que mostra o poder de concentração. E o terceiro a criar mais grandes chances. Isso tudo sem desligar da defesa. Pelo contrário, os números se conectam: na atual temporada, o Inter é o time que menos desarma no Brasileirão após 14 rodadas; no ano passado ficou em terceiro lugar no ranking deste quesito.
Mano terá semanas cheias de trabalho para resolver o problema ofensivo. E agora tem peças para isso, mesmo que Mauricio e Pedro Henrique estejam em tratamento médico. Um dos maiores goleadores do futebol europeu faz parte do grupo colorado, bem como Aránguiz, que está em melhores condições físicas. A história do Brasileirão contemporâneo não deixa dúvidas. Das 17 edições em pontos corridos com 20 clubes, em nove foi campeão o time que mais marcou gols. Nas últimas cinco, foram quatro troféus para o ataque mais positivo.
A lição é clara: não basta só defender. Para ser campeão, precisa, também, saber atacar.