Era tarde de 23 de fevereiro quando o Inter anunciou a contratação de Nico Hernández, vindo do Athletico-PR, onde estava afastado. Ficou quase três meses só treinando até ser chamado por Mano Menezes no intervalo do confronto com o Atlético-MG pelo Brasileirão, em um sábado à noite, no Mineirão. O colombiano de 25 anos, nas últimas semanas, tem conseguido superar a desconfiança e disputar lugar na zaga colorada.
Os números do defensor dão uma noção de suas virtudes. Em oito jogos, fez um gol (contra o América-MG) e deu uma assistência (contra o Santos). Acertou 237 passes e errou apenas nove. Cometeu 12 faltas, uma delas que motivou o cartão vermelho diante do Metropolitanos, que inclusive o tirou da próxima partida da Libertadores, contra o Deportivo Independiente Medellin, já que pegou dois jogos de suspensão — cumpriu o primeiro contra o Nacional-URU. O lance foi comemorado pela torcida, porque impediu o atacante venezuelano de ficar cara a cara com John. Um ato de sacrifício do zagueiro.
Nico tem se mostrado um defensor de boa saída de bola, especialmente em passes e lançamentos, o que contrasta com as características dos concorrentes, como Moledo e Mercado. Ele também é mais veloz do que os outros. Pesa contra si ter menos combatividade na bola aérea, ainda que o Inter tenha vazado por cima mesmo quando ele não está em campo. Ele também é o único canhoto, algo que o time não tinha desde Cuesta. Defensor que joga com o pé esquerdo é considerado artigo raro no futebol.
A descrição bate com o que o Inter ouviu quando consultou sobre suas condições, de se tratar de um zagueiro com capacidade de organizar o jogo e dar qualidade na saída de bola. Mas, também, ser um profissional dedicado e de bom trato no vestiário. Se ainda não é uma liderança, está longe de ser tímido, o que foi reforçado pela experiência em competições internacionais.
— É um jogador receptivo, que entende o clube — afirmou à GZH o repórter Juan Carlos Alzate Cadavid, da Rádio Ciudad de Medellín.
Paulo Autuori contou como conheceu o zagueiro. Estava conduzindo uma reformulação no grupo do Atlético Nacional em 2019 quando recebeu uma instrução.
— Me pediram para avaliar alguns jogadores durante a pré-temporada. Um deles era Nico. Depois de três treinos, não tive dúvida, estava contratado e seria titular — contou o técnico.
O treinador não cansa de elogiar a saída de bola e a velocidade do zagueiro, além da capacidade de entender o jogo e de ser atento, encostar no árbitro, controlar:
— Você já viu o lançamento dele? Não é chutão, é passe direcionado. Quando estava no Athletico-PR, os diretores me disseram que ele tinha sido oferecido. Dei meu aval na hora.
Por essas situações, está em condição de igualdade a Vitão, Moledo e Mercado para disputar vaga de titular na zaga de Mano Menezes. No clube, inclusive, há quem defenda que deve ser o parceiro de Vitão. Depois de um início sob desconfiança, garante que está adaptado ao clube.
— Estou feliz. Primeiro pelo coletivo, porque começou a dar resultado. Obviamente, estava me preparando para ter a oportunidade e quero seguir aproveitando para ajudar a equipe. É uma competição saudável. Somos cinco candidatos à posição, mas sabemos que somos profissionais e que somos uma equipe. Não temos de pensar individualmente, precisamos buscar o bem coletivo. Como temos uma sequência muito grande de jogos, todos vão ter oportunidades — disse, aos canais oficiais do clube, incluindo na disputa também o jovem Felipe, oriundo das categorias de base.
A oportunidade contrasta com o horizonte que tinha no Athletico-PR. Nos tempos de Paulo Autuori, recebeu oportunidades, sequência e disputou 45 partidas pelo clube paranaense. Mas depois da chegada de Luiz Felipe Scolari, as chances escassearam. Quando o agora técnico do Atlético-MG era coordenador no Athletico-PR, afastou-o inclusive da pré-temporada. Nico Hernández foi treinar em separado, enquanto aguardava novas ofertas.
Foi encontrado pelo Inter. E agora cava seu espaço definitivo no time de Mano Menezes.
Nico Hernández pelo Inter
- 8 jogos
- 544 minutos
- 1 gol
- 1 assistência
- 7 desarmes
- 12 faltas cometidas
- 237 passes certos
- 9 passes errados