Um dos pontos mais comemorados da pausa da data Fifa no Inter é a chance de aprimorar a preparação física. A situação do time é tão desesperadora que até publicamente chegou-se a falar do assunto, inclusive com dados. O período sem jogos tem peso de mini pré-temporada no clube.
Os atletas foram divididos em dois grupos. Em um deles, estão aqueles que mais atuaram até aqui. Casos de Vitão, Renê, Alan Patrick, Pedro Henrique, Wanderson, além dos titulares Bustos, Campanharo e Luiz Adriano. Para esses, a carga é diferente do que os demais jogadores, que fazem fortalecimento e aumentam atividades de resistência e explosão.
Tudo isso está sob coordenação de Antonio Carlos Fedatto e execução de Flávio de Oliveira. Os dois estão praticamente começando os trabalhos no Beira-Rio. O primeiro chegou no mês passado, como coordenador de performance, e o segundo retornou a Porto Alegre após deixar o Corinthians, para o lugar de Jean Carlo Lourenço.
Por meio da assessoria de imprensa do Inter, o preparador conversou com a reportagem de GZH. Ele evitou falar mal do trabalho realizado antes de seu retorno e não quis dar um prazo para o time estar nas condições adequadas para o restante da temporada, mas comemorou o fato de de ter tempo para colocar suas ideias. A seguir, veja a íntegra da entrevista.
Como foi o retorno ao Inter? Por que aceitou a proposta meio ano depois de ter saído?
Acho que foi algo natural. Me identifiquei muito com o clube, tive de sair por uma questão pessoal, mas ficou sempre o desejo de retornar. Ano passado, fizemos um trabalho maravilhoso e espero novamente fazer junto com os demais profissionais. Ninguém faz nada sozinho. Hoje temos vários responsáveis pela performance do Inter. Feliz pelo retorno, pelo carinho de todos, torcida, direção, para juntos construirmos uma sequência de trabalho.
Nos vídeos que o clube disponibiliza, notamos a influência no vestiário. Como é esse papel na mobilização dos jogadores?
O vestiário é um momento muito importante, a preparação do trabalho, a performance, a organização. Vejo como um momento de concentração, entrega, em ter atenção nos detalhes, e sempre busquei ter essa postura, essa energia positiva. Ao lado do Mano, do Sidnei, de todos os membros da comissão, é um momento que se busca conscientizar os atletas de ir lá, se entregar, fazer o seu melhor, em ter prazer no que fazem.
O Inter mesmo, por meio de Mano Menezes e do presidente Alessandro Barcellos, fala sobre os problemas físicos do time. Em que estágio estão os atletas? O problema é de resistência ou de força?
Acho que já foi um tema amplamente falado. Não tem por que seguirmos no assunto. Estamos focados em aproveitar o período que teremos para trabalhar e estar em boas condições para a segunda parte da temporada. O esporte envolve parte física, técnica, tática, mental, o próprio time, o adversário, são várias situações. O grande desafio é o equilíbrio de todo esse quebra-cabeça. Os atletas não são máquinas, eles têm diversos fatores pessoais, além da questão trabalho. O que se busca é ajustar o equilíbrio de todos esses fatores para que o atleta possa performar. Acredito que com esse tempo, embora curto, se possa fazer alguns ajustes em todas as áreas.
Ao mesmo tempo em que há problemas de desempenho, não há jogadores lesionados por problemas musculares, à exceção de Aranguiz (um caso muito específico). É coincidência ou faz parte do trabalho físico executado até então?
Futebol hoje tem calendário muito pesado, sem poder recuperar jogadores. Não existe lesão zero. Quando se trabalha com dinâmica, intensidade, sem tempo de recuperação, uma hora ou outra os atletas vão machucar. Nosso trabalho diário é de minimizar, mas se sabe que não se tem como evitar todos os casos. Tem choque, tem confronto, problemas articulares, joelho, tornozelo, além da parte muscular. O que se busca, com os trabalhos preventivos, é minimizar, quantificar treinamento, são vários aspectos.
Como tem sido a retomada nos 10 dias sem jogos? Mano falou que o time tem trabalhado pouco fisicamente mesmo no calendário cheio. Agora é possível intensificar isso?
Temos uma equipe completa de saúde e todos tem sua responsabilidade. Trabalhos de força e potência na academia. Os trabalhos de intensidade e aceleração no campo. Temos uma boa evolução e agora vamos ter mais essa semana para trabalhar mais algumas questões. É um momento que também se aproveita para fazer alguns ajustes pessoais, equilibrar cargas, montar esse quebra-cabeça para que todos estejam bem e possam performar quando necessário.
Em quanto tempo prevê que o time esteja nas condições físicas adequadas pra jogos do atual nível de exigência?
São raros os momentos de semana cheia para treinar e estamos aproveitando esse período para fazer trabalhos que não temos condições por conta do calendário cheio. Períodos assim são bem importantes para o equilíbrio de cargas por conta do nosso calendário apertado. Tempo no Brasil sempre é muito escasso. Nesta semana que teremos é para buscar alguns ajustes. Sabemos que temos que performar sempre e vamos performar.