Chegou, enfim, a folga no calendário que o Inter tanto ansiava. Quem primeiro lembrou sobre esse período sem jogos foi o próprio Mano Menezes, após a derrota no Gre-Nal. O time terá uma semana e meia sem jogos. Nos oito próximos dias, basicamente, para se reestruturar taticamente e, principalmente, buscar uma preparação física inédita na temporada. O trabalho recomeça nesta quarta-feira, depois de "arejar a cabeça".
— São dois dias para ficar um longe do outro — brincou Mano Menezes na última entrevista coletiva.
A partir de agora, haverá uma programação especial até o retorno diante do Coritiba. Na quinta e no sábado, haverá treinos em dois turnos. Será um momento para dar um padrão tático e também treinar alternativas.
O Inter terá quatro tarefas especiais nessa pausa: aprimorar a forma física, recuperar jogadores lesionados, aprender a controlar os jogos sem tanto sofrimento e melhorar o desempenho na bola aérea defensiva.
Preparação física
O maior drama do Inter na temporada, segundo a comissão técnica, é físico. O clube já revelou até publicamente que houve quedas nos índices na comparação com o ano passado e que isso tem prejudicado o desempenho do time.
Em campo, nota-se que o Inter joga em alto nível por um tempo e depois decai de forma a quase não conseguir segurar o resultado. Esse período até aumentou. Era meia hora e agora tem durado até o início do segundo tempo.
— Temos trabalhado na questão física aos poucos, dentro do que dá, um dia de cada vez. Agora teremos mais tempo específico para isso — disse o treinador.
Essa função será comandada pelo coordenador de performance, Antonio Carlos Fedato, e pelo preparador físico Flávio de Oliveira.
Recuperação de lesionados
Há uma lista de desfalques no Inter. Alguns deles fazendo mais falta do que outros. Como Mauricio, que era um dos destaques da temporada. Recuperando-se de uma luxação no ombro, ele é aguardado para estar em campo no dia 22. Tem trabalhado apenas para manter a forma, mas pode ficar à disposição.
Além dele, esse período será importante para colocar na mão de Mano Menezes dois "reforços". Aránguiz, que chegou a ser relacionado para o jogo com o Nacional mas depois sentiu uma distensão e ficou fora contra o Vasco, e Gabriel, volante e liderança da equipe, podem, enfim, estrear na temporada 2023. Não devem estar juntos ao mesmo tempo, é claro, mas a expectativa do treinador é ter os dois ao menos no banco em Curitiba.
Controle do jogo
Em praticamente todos os jogos da temporada, o Inter sofreu para segurar vantagens. Isso quando não perdeu, especialmente no segundo tempo. Até quando conseguiu a vitória, os torcedores e os jogadores saíram com o sentimento de alívio no apito final.
— Uma das coisas que precisamos melhorar é a leitura das modificações do adversário durante a partida. De vez em quando saímos do jogo com muita facilidade. Estamos buscando ter essa maturidade nos momentos de sofrimento — admitiu Mano ao final de Inter 2 a 1 Vasco, um dos exemplos de jogos assim.
Uma das tarefas dessa mini intertemporada será reaprender a controlar um jogo de outra forma que não seja recuando e torcendo para o tempo acabar, como ficar com a bola ou administrar o oponente longe de sua meta.
Bola aérea defensiva
Mano Menezes reconheceu que o Inter exagera nas faltas. Na ânsia de controlar o adversário e impedir que chegue em sua área, para o jogo de qualquer jeito. E isso se transforma em gols — ou ao menos chances claras. Elas podem vir em faltas diretas, como no gol de Lucas Lima pelo Santos, ou em cruzamentos, como a chance do Vasco que parou no travessão.
A bola aérea defensiva do Inter tem dado dor de cabeça. O time vazou assim contra o Independiente Medellín-COL no primeiro turno e contra o Nacional-URU tanto na ida quanto na volta da Libertadores, para o América-MG na Copa do Brasil e diante do Atlético-MG no Brasileirão. Isso sem contar as oportunidades que não entraram, como a de Thaciano, pelo Bahia, que errou quase de cima da linha. É um dos maiores defeitos defensivos da equipe.