Não passa pela cabeça de Alessandro Barcellos trocar o técnico do Inter. Na entrevista concedida a GZH, nesta sexta-feira (12), o presidente bancou o trabalho de Mano Menezes e lembrou de outros casos em que a manutenção do treinador deu resultado logo depois.
A pergunta foi: "Por que o Inter do primeiro semestre de 2023 não é o mesmo Inter do segundo semestre de 2022?". O presidente reconheceu que o desempenho atual é inferior ao do ano passado, e atribuiu a isso o acúmulo de jogos na comparação com o ano passado (o time havia sido eliminado da Copa Sul-Americana e, ainda no início do ano, da Copa do Brasil), a atenção dos adversários, que agora enxergam o Colorado como um adversário real e também a expectativa mais alta para a temporada.
Barcellos afirmou também que as oscilações são comuns no futebol brasileiro, mas descartou mudar o comando. Ele lembrou de casos como Juan Pablo Vojvoda, que foi mantido no Fortaleza mesmo tendo terminado o primeiro turno do Brasileirão passado na zona do rebaixamento, e citou também Fernando Diniz (do Fluminense) e Luís Castro (do Botafogo).
— A comissão técnica do Inter está dentro desse contexto. Estamos vivendo o dia a dia e observando. Claro que não é algo permanente. Se sentimos que não vai evoluir, tomamos decisão. Mas hoje temos certeza de que isso é possível. O futebol brasileiro tem esse imediatismo, e isso influencia no ânimo do torcedor, o que acaba se refletindo nos jogadores. Tenho certeza de que é possível retomar o futebol de 2022 — declarou o presidente, que reforçou também a crença na qualidade do grupo de atletas.
O presidente lembrou, também, da parceria de Mano Menezes. Ele frisou a diferença econômica atual de Flamengo e Palmeiras, que gastam mais do que o dobro do que o Inter e aumenta a dificuldade de buscar títulos, especialmente nos pontos corridos (mesmo que o Colorado tenha sido vice-campeão duas vezes nos últimos três anos).
Além disso, no Beira-Rio, estão sendo pagos cerca de R$ 70 milhões anuais em dívidas, o que afeta 80% do gasto em futebol. Por entender esse contexto e se adaptar a ele, Mano Menezes é considerado um aliado da direção. E também por isso, o plano é que o treinador seja o último da gestão, que se encerra em dezembro. Barcellos mencionou ainda outro aspecto importante da manutenção do trabalho.
— É o nosso planejamento, é o nosso contrato. É fundamental que os treinadores criem identidade com o clube. Times vencedores tiveram isso. Abel Braga, no Inter, entrou e saiu várias vezes. Criou identidade e foi vencedor. Abel Ferreira tem isso no Palmeiras, Fernando Diniz está fazendo no Fluminense. Quando entra na roda viva de trocar a cada dois, três resultados que não dão certo, o clima de desconfiança no trabalho do técnico é gigante. Por isso existem as multas rescisórias tão altas — disse Barcellos, que ampliou:
— O treinador tem de compreender o projeto. Vemos alguns técnicos que não compreendem e criam um problema. Nosso técnico compreendeu o momento do clube. Isso é importante para enfrentar os momentos de dificuldade. E trabalhamos para voltar a performar como em 2022.