O futuro do Inter passa pelo Gre-Nal, e isso não é um exagero. Uma derrota no clássico significará o fim da Era Mano Menezes. De certa forma, isso foi até tratado publicamente, tanto pelo técnico quanto pelo presidente Alessandro Barcellos na madrugada de quinta-feira, após a derrota para o América-MG. Ao mesmo tempo, vencer o Grêmio na Arena pela primeira vez em um Brasileirão pode ser a virada de chave tão falada e esperada do lado do Beira-Rio. É um jogo da sétima rodada, mas parece uma decisão.
É o pior momento de Mano no Inter. São quatro derrotas seguidas, todas por 2 a 0, e cinco jogos sem vitória. Há uma clara insatisfação da torcida, que vaiou seu nome no anúncio na última partida. A situação chegou a níveis tão graves que o técnico conversou com os jogadores e com os dirigentes para saber de seu futuro ainda em Belo Horizonte.
Ao mesmo tempo, existe a lembrança de uma troca de técnico antes de um Gre-Nal que se mostrou trágica para o Inter. O 5 a 0 de 2015 foi considerado o símbolo do encerramento de um período vitorioso do clube. O medo de repetir esse cenário pautou as decisões da direção atual.
Além disso, Alessandro Barcellos confia em Mano Menezes. O presidente do clube aposta bastante em seu treinador e vê na experiência do profissional o caminho para sair de situações complicadas:
— Mano mostrou que reverteu momentos difíceis na carreira. Mas precisamos do compromisso de todos para que isso aconteça.
Um desses momentos foi em 2017. O Cruzeiro havia sido eliminado da Copa Sul-Americana para o Nacional-PAR na primeira fase e perdido o Campeonato Mineiro para o Atlético-MG. A insatisfação com o trabalho de Mano era latente. Então, veio a estreia do Brasileirão.
— Chegou a ter reunião e tudo, esteve próximo de ser mandado embora. Mas seguraram. O Cruzeiro venceu o São Paulo, avançou na Copa do Brasil e estabilizou — recorda Samuel Venâncio, setorista do clube mineiro.
Do lado do Inter, já houve situação semelhante. E nem faz tanto tempo assim, completou cinco anos na semana passada. Era a quinta rodada do Brasileirão de 2018. O time de Odair Hellmann passava por um mau momento, tinha caído para o Grêmio no Gauchão e para o Vitória na Copa do Brasil. No Brasileirão, eram quatro pontos em quatro jogos. E vinha o Gre-Nal na Arena. O Tricolor chegava para o clássico após aplicar 5 a 1 no Santos, 5 a 0 no Cerro Porteño e de avançar na Copa do Brasil. Os prognósticos eram de goleada.
— Se não vencêssemos, certamente haveria mudanças. Odair estava pressionado. E ainda tivemos o desfalque do D'Alessandro e Damião jogando no sacrifício. Precisávamos do resultado porque sabíamos que depois vinha uma sequência boa de jogos — recorda o então executivo de futebol Jorge Macedo.
O Inter fechou as portas, armou um retrancão e segurou o 0 a 0. O Grêmio reclamou da arbitragem. E da postura colorada. A partir dali, porém, o Inter reagiu. Venceu os três jogos seguintes e ficou nove invicto. Para o time que vinha da Série B, a arrancada que levou até a Libertadores (e o manteve até brigando pela liderança em determinado momento do campeonato).
Os cenários, agora, são parecidos. Tanto o que viveu Mano no Cruzeiro quanto o do Inter há cinco anos. Esperava-se que a virada sobre o Flamengo, com o gol nos acréscimos, virasse a chave colorada. Mano disse que o gol do Nacional, nos acréscimos, interrompeu o crescimento. Só um Gre-Nal pode recuperar.