Mano Menezes deve sentir saudades do tempo em que era rotulado como um técnico retranqueiro, e a torcida colorada também. Uma defesa sólida não é exatamente o que o Inter tem apresentado neste momento da temporada. Nos últimos três jogos, foram seis gols sofridos, dois em cada partida: contra Athletico-PR, São Paulo e Nacional. No recorte do Brasileirão, nas cinco vezes em que entrou em campo, a proteção à meta vermelha saiu incólume apenas diante do Goiás. Fortaleza, Flamengo, São Paulo e Athletico-PR tiveram êxito, ao menos, uma vez. Expandindo o horizonte, CSA, Nacional e Independiente Medellín também entram na conta.
No ano passado, somente no oitavo jogo sob o comando do treinador que o goleiro do Inter foi vazado pela sexta vez. Na edição passada, a equipe fechou como a segunda que menos sofreu gols. Até aqui (sem contar os jogos de quinta-feira), está na segunda página da classificação das melhores defesas, ocupando a 11ª posição.
Mas como a defesa falha tanto? Na busca por respostas, GZH analisou com lupa os gols sofridos nas últimas três partidas.
São seis lances e uma variedade de origens. Dois pontos se destacam. O primeiro trata-se da falta de intensidade na marcação. O segundo, o espaço cedido na frente da área. Confira o raio-x de cada um deles.
Bola longa
Inter 0x2 Athletico-PR
Se o primeiro gol tem passividade na marcação, o segundo sai de uma ligação direta. O goleiro Bento lança Willian. O atacante estava posicionado entre Vitão, Igor Gomes e Estêvão, o que não o impede de receber a bola nas costas da defesa e sair na cara de Keiller para encobri-lo. Na hora do lançamento, o Inter tinha quatro jogadores posicionados no campo de ataque.
Pênalti
São Paulo 2x0 Inter
Após cruzamento da direita, a bola cai no pé de Caio Paulista, na quina esquerda da grande área colorada. São oito jogadores do Inter nas redondezas da meta de Keiller. O são-paulino chuta prensado. A sobra fica com Marcos Paulo, que leva para linha de fundo e cruza, com Vitão tocando a mão na bola. Luciano cobra o pênalti, Keiller defende e o atacante marca no rebote.
Chute de fora da área
São Paulo 2x0 Inter
São Paulo tinha lateral no intermediária ofensiva. Calleri recebe a bola às costas da defesa. Consegue proteger, conduzir e tocar para Pablo Maia. O meio-campista se livra com facilidade de De Pena, Baralhas é iludido pela movimentação de outro jogador, abrindo espaço para o chute de fora da área de Pablo para fazer o 2 a 0.
Inter 0x2 Athletico-PR
O ataque do Athletico-PR dura dois minutos. O Inter tenta fazer marcação pressão, mas sem sucesso. Segundos antes do lance do gol, Canobbio faz um passe muito similar à assistência que sairia de seus pés logo depois, mas o chute de Vitor Roque sai prensado. Todos os jogadores colorados estão no campo de defesa, mesmo assim, Cristian teve espaço para chutar de fora da área. O recorte do lance começa com Canobbio recebendo a bola pelo lado de esquerdo. Apesar de ter Gabriel Barros e Baralhas à frente, encontra espaço entre os dois para a passar para Cristian. O autor do gol tem tempo para dominar a bola, ajeitar de novo e disparar contra o gol de Keiller.
Troca de passes
Inter 2 x 2 Nacional
Ter 11 jogadores no campo de defesa não é suficiente para o Inter vedar os espaços para o primeiro gol dos uruguaios, iniciado com a perda da posse por parte de Alemão. Com o meio-campo despovoado, Zabala tabela e recebe a bola com espaço. A troca de passes deixa Campanharo para trás. Alan Patrick tenta a roubada, mas perde a dividida. De Pena faz um combate tímido e é superado sem dificuldade. Zabala tenta novo passe, a bola bate em Vitão e sobra para ele marcar.
Bola aérea
Inter 2 x 2 Nacional
Do lado esquerdo da intermediária defensiva do Inter, Polenta tem tempo para alçar a bola na área, já que Bustos não encurta o espaço. Na área, são cinco jogadores uruguaios contra quatro defensores colorados. A bola vai na primeira trave. Vitão erra o tempo e fura a cabeçada. A bola sobra para Noguera, de peixinho, empatar o jogo em 2 a 2.