Não é apenas que o Inter evitou comunicar a saída de Mano Menezes após o Gre-Nal. As entrevistas após a derrota por 3 a 1 para o Grêmio deram sinais opostos: de um lado, um dirigente evitando falar na manutenção do treinador. Do outro, um técnico fazendo planos de recuperar a equipe na parada da Data Fifa, entre 12 e 20 de junho.
Cronologicamente, o que se seguiu ao apito final foi Alan Patrick, o capitão do time, defendendo o treinador. Ainda no campo, o camisa 10 disse:
— Temos plena confiança no trabalho, por tudo que ele já fez. Precisamos nos reencontrar. A confiança é total. Seguiremos trabalhando.
Uma hora e meia depois, apareceu o executivo William Thomas. Na zona mista, em meio a repórteres acotovelados, tentou explicar a derrota no clássico e não teve peito de garantir que Mano será o comandante do jogo de quinta-feira, na Venezuela, contra o Metropolitanos, pela Libertadores.
— O processo que fazemos após o jogo é avaliar a partida. As mudanças, todos queremos. São várias formas de fazer mudança, não só demitindo o técnico. E o Mano é o nosso treinador neste momento.
— Mas é possível garantir que ele treinará o Inter na quinta-feira? — indagou o repórter Thaigor Janke, da Band.
— Vamos seguir conversando e discutindo os próximos passos — respondeu o dirigente.
O treinador, logo depois, foi à sala de imprensa do adversário. Na primeira pergunta, disse que não falaria sobre sair. Em seguida, perguntou aos repórteres o que tinha dito William Thomas. Ao ser informado de que não tinha sido garantida sua sequência para quinta-feira, estranhou. Chegou a oferecer o microfone para o executivo falar. Na frente de todos os demais dirigentes políticos, ninguém contrariou.
Mano, então, decidiu que não falaria de outro assunto que não fosse o jogo. Nem sobre a série de cinco derrotas seguidas. Nem sobre o futuro. Só do Gre-Nal. Houve diversas tentativa de fazê-lo explicar os problemas além do clássico. O que se arrancou do treinador foi uma queixa à preparação do primeiro semestre. O técnico foi enigmático. Disse estar tão integrado ao projeto do Inter que evitou expor problemas que vinham ocorrendo desde o ano passado. Mas não explicitou os problemas.
— Talvez esse tenha sido meu maior erro, tentar proteger algo que não estava bom. E agora está interferindo o trabalho como um todo. Só podemos sair dessa situação quando entendermos como chegamos a ela — falou, sem explicar o que protegeu e como foi parar nessa situação.
Sobre a confiança dos jogadores, foi enfático. Garante não ter perdido o vestiário:
— Não sinto isso (os atletas não comprarem mais suas ideias) em nenhum momento, se eu sentisse, não estaria dando continuidade ao trabalho.
Ao mesmo tempo, afirmou que a equipe poderá melhorar quando o calendário brasileiro der uma folga. Há uma parada de uma semana prevista para 12 a 20 de junho, em razão de jogos da Seleção. A dúvida é se, de fato, Mano será o comandante até lá. Sua confiança na sala de imprensa mostrou que sim. O discurso de William Thomas indicou que não. Será mais uma longa segunda-feira no atribulado ano colorado. E, na quinta-feira, há mais uma decisão pela Libertadores.