O presidente do Inter, Alessandro Barcellos, foi o convidado do Sala de Redação nesta quinta-feira (16). Ele abordou diversos assuntos, de contratações à adesão à Liga Forte Futebol (LFF), passando também pelo desempenho da equipe e pelas chances no Gauchão.
O campo, é claro, foi bastante falado. Para o presidente, o time atual tem condições de ser campeão gaúcho, mas poderá ser ainda mais forte a partir das negociações e das contratações que estão por vir:
— Mano está trabalhando para voltar a desempenhar o que fizemos no final do segundo semestre. Mas não adianta eu dar discurso. Tem de mostrar em campo. A coisa tem de funcionar lá dentro. Nossa confiança é total, com as peças que temos e com as que chegarão.
Entre essas peças, a mais aguardada é Enner Valencia. A informação que circula é que o centroavante equatoriano, que joga no Fenerbahçe-TUR, tem um pré-contrato com o Inter, mas que o assunto não seria tornado público a pedido do jogador. O presidente voltou a negar de que há um acerto para o atleta chegar na metade do ano, após o encerramento de seu contrato na Turquia.
— Não temos pré-contrato — assegurou o presidente.
Ainda sobre contratações, Barcellos afirmou que manteve o planejamento independentemente dos resultados. Segundo ele, tanto Luiz Adriano quanto Aránguiz já tinham conversas desde o ano passado, e que as proximidades de seus encerramentos de contratos facilitaram os acordos sem extrapolar financeiramente o clube.
A questão financeira, aliás, foi outro tema da entrevista. A adesão do Inter à LFF daria um fôlego para o clube. Para permitir que um investidor adquira 20% dos direitos das transmissões por 50 anos, o Inter receberia, em luvas, mais de R$ 200 milhões. Esse valor, de acordo com Barcellos, seria investido para pagar dívidas e iniciar a construção do Centro de Treinamentos de Guaíba (obra avaliada entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões).
O presidente defendeu a adesão do Inter a esta liga, e não à Libra (a concorrente, onde estão Grêmio, Flamengo, Corinthians, Palmeiras, entre outros) por entender que a proposta é maior e mais justa, deixando em 3,5% a diferença que receberão os clubes de mesma divisão. Ele reforçou o discurso de esperança de que haverá uma união entre os dois grupos, senão para a divisão das cotas, ao menos para a organização de um campeonato.
Para ele, não é possível mais conviver com uma diferença de faturamento por pay-per-view de R$ 170 milhões, como o Flamengo, para R$ 19 milhões, caso do Inter. Barcellos lembrou que o Inter foi um dos últimos clubes a aderir à LFF porque tentou um consenso, mas que ouviu dos dirigentes dos clube privilegiados de que não abririam mão dos valores e das diferenças atuais.
— As razões de cada clube estar em um lado ou outro podem variar. Só acredito em sucesso do futebol brasileiro com uma liga só. Tem clubes na Libra que não concordam com isso. Contratamos quatro assessorias importantes, que operam no mercado, para que fizessem estudos. A conclusão foi que, estando os 40 ou 26, ganharíamos o mesmo. Estamos em uma situação bastante segura de que estamos construindo uma mesa de conciliação para avançar. Para o futebol brasileiro ter uma liga competitiva e ser uma das três maiores do mundo, precisa seguir os melhores modelos, e não uma liga tupiniquim. Os contratos de TV terminam em 2024. E os modelos antigos acabaram. Preciso desenhar algo novo, real. Precisamos pegar o exemplo de La Liga (na Espanha).
Barcellos explicou que a proposta que está sendo analisada pelos conselheiros não é a venda de direitos de transmissão por 50 anos. Mas uma parceria de meio século, na qual um investidor comprará 20% dos direitos de transmissão de cada negociação. O assunto voltará à pauta do conselho deliberativo do clube daqui a duas semanas.